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A pandemia causada pelo coronavírus diminuiu drasticamente o consumo, especialmente o do mundo da moda, que está em busca alternativas para enfrentar a realidade atual e, principalmente, pós-infecção, onde é previsto que mude radicalmente a forma de consumo, afetando toda a cadeia da indústria fashion. De acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção (ABIT), 95% dos empregados na moda são mulheres. O setor é o segundo maior gerador de trabalho da indústria da transformação, área que faz da matéria-prima um produto final ou intermediário. As dificuldades enfrentadas pelo setor levou a ABIT a criar uma campanha, lançada no dia 22 de abril, com a hashtag #euvistobrasil, no Instagram, a fim de incentivar a indústria e a compra dos produtos brasileiros.
MUDANÇAS NO CALENDÁRIO DA MODA
A Associação Brasileira de Estilistas (ABEST) propôs mudanças no calendário da moda, principalmente em relação às datas de venda do atacado e das liquidações, esta última permanente. Diversas empresas ligadas ao setor, principalmente as médias e pequenas,assim como as grandes marcas, estão aderindo ao movimento. As coleções de verão chegariam às lojas entre agosto e setembro, entrando em liquidação em fevereiro. Já as peças de inverno, estariam disponíveis em abril e a liquidação ocorreria em agosto. Essas alterações visam acompanhar as tendências de consumo mais sustentável e durável, com menos desperdício.
Além disso, o Instagram da ABEST está divulgando as boas ações das marcas nacionais. Um exemplo é a ação de ajuda realizada por Cris Barros, em que o valor de cada peça da nova coleção é revertido em 10% para a Casa Rio. Por fim, a instituição também promove discussões na plataforma Zoom sobre ao futuro do setor e novas práticas de sustentabilidade, como “Mudanças no calendário da moda diante do covid-19” e “A importância da sustentabilidade na moda pós-crise”.
Também no Brasil, a São Paulo Fashion Week foi cancelada em virtude da pandemia do novo coronavírus. O evento era previsto para acontecer entre os dias 24 e 28 de abril. “Diante do cenário atípico e visando preservar a saúde e bem estar de todos, a programação do Festival SPFW+ e a conferência internacional anunciada para o dia 27 de abril serão replanejadas”, afirmaram os organizadores em nota. O Veste Rio, que aconteceria entre 15 e 19 de abril, também foi adiado, mas para os dias 10 a 14 de junho.
MUDANÇAS NOS DESFILES
A Semana da Alta-Costura de Paris, prevista para o meio deste ano, em julho, foi cancelada pelo Conselho Administrativo da Federação de Alta Costura e Moda da França (FHCM), que também optou por realizar a Semana de Moda Masculina de Pais, prevista anteriormente para o final de junho, de forma totalmente virtual entre 9 e 13 de julho. Enquanto a Câmara Nacional da Moda Italiana Milão decidiu adiar para setembro os desfiles de moda masculinos, junto com os femininos. Um exemplo é a Saint Laurent, que decidiu não participar de nenhuma semana de moda e está buscando criar uma agenda própria neste ano. Giorgio Armani foi uma das grifes que aderiu aos desfiles virtuais, transmitidos por plataformas online. No Brasil, um exemplo disso é a marca À La Garçonne, do estilista Alexandre Herchcovitch, em São Paulo.
MODA SUSTENTÁVEL EM MEIO À PANDEMIA
Outros movimentos também estão tomando conta das redes, em especial relacionados à sustentabilidade. Muitas pessoas e a própria área da moda estão repensando formas de consumir roupas. O estilista Giorgio Armani enviou uma carta aberta à indústria, afirmando que não quer mais trabalhar dessa forma. “Precisamos desacelerar e acabar com o desperdício”, disse Armani no comunicado. Ele é contra a moda descartável e rápida. Ou seja, o slow fashion está na mente do diretor criativo. Ainda, acredita em uma moda elegante e atemporal, “sem espetaculização” e exige mudanças rápidas. Confira um dos trechos:
“O declínio do sistema da moda, como a conhecemos, começou quando o setor de luxo adotou os métodos operacionais de moda rápida com o ciclo de entrega contínuo, na esperança de vender mais… Não quero mais trabalhar assim, é imoral. Não faz sentido que minhas jaquetas ou roupas que ficam na loja por três semanas, tornem-se imediatamente obsoletas e sejam substituídas por novas mercadorias, que não são muito diferentes das que as precederam. Eu não trabalho assim, acho imoral fazê-lo.”
A grife britânica Burberry também aderiu aos movimentos sustentáveis e com tendência atemporal, lançando uma coleção chamada ReBurberry onde recria as peças mais icônicas da grife com materiais reciclados, você pode ler a matéria completa aqui. Por fim, a marca de luxo britânica de Stella McCartney é conhecida como uma das pioneiras na sustentabilidade, com jeans ecológicos e materiais de alta qualidade.