Nicolas Ghesquière Transforma os Aposentos Reais em Palco para a Liberdade Estética e a Dualidade do Vestir
Nos históricos aposentos de verão da rainha Ana da Áustria, uma ala do Palácio do Louvre que já serviu como residência real no século XVII e que hoje reverbera história dentro do museu, a Louis Vuitton desvendou sua coleção Primavera-Verão. Sob a direção criativa de Nicolas Ghesquière, o espaço foi inteligentemente transformado em passarela para um profundo estudo sobre a intimidade. O ponto de partida foi o universo doméstico, que serviu como alicerce para construir novas e instigantes narrativas visuais.


Conforto Privado Encontra Teatralidade Pública
De fato, o que se viu foi um intrigante diálogo de contrastes. Peças que remetem ao conforto privado, como camisolas de renda moletom cinza e tricôs intencionalmente volumosos, ganharam uma nova e surpreendente dimensão. Isso ocorreu ao se encontrarem com a rigidez e o artifício de corsets estruturados, o refinamento de drapeados clássicos e as formas geométricas que caracterizam uma inspiração nitidamente futurista. O resultado final é uma reflexão poderosa que coloca em perspectiva o próprio ato de vestir, celebrando-o como um verdadeiro gesto de liberdade estética.


Cores em Contraste: Suavidade e Intensidade
Além disso, a paleta cromática escolhida por Ghesquière serviu para reforçar esse contraste essencial. Por um lado, tons neutros e suaves — como branco, bege e cinza — trouxeram a sensação de conforto e familiaridade. Por outro lado, eles foram habilmente equilibrados pela vivacidade de rosas suaves e a intensidade de vermelhos marcantes. A coleção, entretanto, encontrou um tom mais denso e finalista com o peso do preto, que encerrou o desfile com solidez e drama.


Artesanato e Arquitetura: A União do Feito à Mão e do Tecnológico
Para consolidar essa dualidade entre o feito à mão e o tecnológico, os detalhes foram cruciais. Bordados florais tridimensionais, texturas artesanais de toque manual e volumes arquitetônicos cuidadosamente construídos pontuaram a coleção. Assim, Ghesquière não apenas apresentou uma coleção de roupas, mas sim uma declaração coesa sobre a intersecção entre o conforto da vida privada e a teatralidade imponente da apresentação pública.



