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O ano de 2019 foi de grande tristeza para o mundo da moda. A alta-costura perdeu um dos seus maiores gênios: Karl Lagerfeld, no dia 19 de fevereiro. A seguir, apresentamos um pouco da trajetória do estilista, que deixou um legado para a cena fashion.
Registrado inicialmente como Karl Otto Lagerfeldt, nasceu na Alemanha, em 10 de setembro de 1933. Porém, mudou o sobrenome, para, segundo ele, ser mais comercial. Iniciou sua carreira como estilista na década de 1950, passando por grandes marcas. Estagiou por três anos na Balmain, sob o comando do seu criador, Pierre Balmain. Após, trabalhou na Jean Patou, onde fazia duas coleções de alta-costura anuais. A primeira, lançada em julho de 1958, em um desfile com duas horas de duração, veio assinada com o nome Ronald Karl. As peças foram mal recebidas pela imprensa de moda, a qual comentou que as roupas eram curtas e muito decotadas.
Em 1960, enquanto os pequenos comprimentos continuaram nas confecções do estilista e voltaram a desagradar os jornalistas presentes. Ele foi criticado por fazer moda comercializável e não alta-costura como era o aguardado. Mas, Lagerfeld parecia estar à frente do tempo. Era o começo da transição para o prêt-à-porter, movimento que fez parte da democratização da moda.
Depois de algumas coleções que não foram bem avaliadas, ele alegou tédio e resolveu viajar por algumas praias, durante dois anos. Quando voltou foi triunfal: trabalhou na grife italiana Tiziani, que fez sucesso entre as atrizes de Hollywood. Os elogios recebidos pelo seu primeiro desfile como designer da marca, o credenciou no mundo da moda. Além disso, trabalhou para a Chlóe, desde 1964, onde fez uma coleção memorável para a primavera/1973. Por volta da mesma época, colaborou com a Fendi pela primeira vez.
ERA CHANEL
Em 1983, assumiu a direção criativa da grife parisiense Chanel, com o objetivo de resgatar os valores iniciais da marca, porém fez mais do que isso. Como diretor criativo, renovou constantemente as confecções e caprichou nos desfiles temáticos. Alguns são comentados até hoje, como por exemplo o de 1993, em que o Mounsier Lagerfeld, como era chamado pelos funcionários da label, colocou uma atriz pornô italiana para desfilar na coleção Black & White. Essa decisão fez com que a editora da Vogue, Anna Wintour, se retirasse do local, apesar de serem amigos. Outra polêmica ocorreu na coleção outono/inverno 2010 da grife, quando decidiu montar uma passarela com tema de geleira e todos modelos desfilaram usando peles, chocando a opinião pública. Após o acontecimento, ele revelou que as peles eram falsas. Os cenários dos desfiles sempre foram criativos, tendo ocorrido até em um “supermercado Chanel”.
Lagerfeld também colaborou com a fast fashion H&M, desenhando uma coleção para homens e mulheres. Depois de ser anunciada, esgotou rapidamente nos pontos de venda, sendo ele o pioneiro na colaboração com marcas mais acessíveis. Em 2014, pela Chanel, lançou a tendência dos tênis com roupas de alta-costura. No ano anterior, fechou o desfile com duas noivas que representavam seu apoio ao casamento gay, questão, à época, discutida na França.
ANOS FINAIS
Criada recentemente, a grife que leva seu nome fez sucesso nas semanas de moda. Com extenso currículo, seu trabalho mais reconhecido foi na Chanel. Por lá, ficou até morrer, aos 85 anos, deixando pronta a coleção desfilada em janeiro de 2019, não comparecendo ao evento devido a questões de saúde não reveladas.
No terceiro dia da temporada de desfiles de alta-costura, em julho do mesmo ano, a grife desfilou peças que, pela primeira vez, não foram comandadas pelo lendário estilista. Porém, a nova diretora criativa da Chanel, Virgine Viard, manteve o toque Lagerfeld nas roupas e no cenário criativo. Portanto, com o equilíbrio entre ousado e clássico, ele deixa uma herança inesquecível.