A London Fashion Week, um dos maiores eventos de moda do Reino Unido, teve fim nesta semana. Durante os dias 14 a 17 de fevereiro, os estilistas apresentaram suas novas coleções Ready-to-Wear para a temporada Outono/Inverno 2020 em elaborados desfiles que se espalharam pela cidade. Da extravagância inspirada na era medieval ao streetwear urbano, as apostas dos britânicos para as estações mais frias chamaram a atenção. Confira a seguir.
HALPERN
Famoso pelo uso de tecido de sequin brilhante e chamativo, o estilista Michael Halpern alugou o salão do Old Bailey, uma das mais antigas camarás de justiça do pais, para seu desfile outono/inverno 2020. A coleção foi dedicada a homenagear as mulheres da sociedade britânica e os estilistas que inspiraram o diretor criativo como Ossie Clark, Bill Gibb e Zandra Rhodes. Assim celebrando ambos, a burguesia e a rebeldia.
Em suas criações, o estilista traz vibes de um estilo rock glam extravagante, investindo no glamour dos anos 1970 com combinações ousadas de tons vibrantes de azul, rosa e verde,. Estampas coloridas, vivas e abstratas em vestidos volumosos contrastam com ternos e peças de alfaiataria, como blazers e terninhos. Ambos igualmente com grande foco em estruturas extravagantes. Apesar disso, há grande valorização de uma silhueta continua, com modelos mais retos que, apesar de leves e soltos, ainda mantém a linha do corpo. Halpern também segue a tendência das botas de cano alto vistas em desfiles anteriores. Entretanto, o estilista opta por em tons vibrantes e até mesmo dupla-cor, que parecem ser uma das grandes apostas para a temporada.
RICHARD QUINN
Em sua coleção Outono/Inverno 2020, o estilista britânico Richard Quinn apresentou referências a tradição filantrópica da realeza britânica “Rei e Rainha das Pérolas”. Entre as criações, o diretor criativo surpreendeu com máscaras “facekini” que lembram antigas coifas de cota de malha pelos cavaleiros do passado. Igualmente, roupas com inspiração em flores de jardim chamam a atenção em estampas e ornamentos. A figura da rosa é uma das principais constantes das produções. Vestidos volumosos com silhuetas balonê, mangas bufantes bem estruturadas e saias midi, maxi, mini com babados são destaque na coleção.
Além disso, bordados de pérola, laços estilo borboleta e flores de tecido ornam as produções, chamando atenção aos pequenos detalhes de manufatora. Nota-se também vestimentas com uma leve inspiração mais gótica. Quinn também se mantém fiel ao seu estilo. Por isso, mescla estampas florais bem coloridas e vibrantes, especialmente vermelho e amarelo, a bases escuras e sóbrias, que contrastam nos detalhes e acessórios.
VICTORIA BECKHAM
Em seu desfile Ready-to-Wear da temporada Outono/Inverno 2020, a diretora criativa Victoria Beckham foca seu pensamento em explorar a tensão entre elegância e rebeldia, e nas diferentes tipos e personalidades femininas, afim de mostrar liberdade, e espirito livre. A coleção, definida pela britânica como uma “rebelião gentil”, tem como conceito honrar o já conceituado estilo da grife, mas ainda assim inovar e surpreender.
Assim, Beckham traz diferentes estilos de looks do dia-a-dia e office-wear com peças de alfaiataria de tons neutros mesclada a modelagens mais leves de estética urbana e prática. Estampas geométricas e xadrez, vestidos pretos com diferentes cortes, casacos oversized alongados com grandes lapelas e saias lápis usadas com botas de cano longo over-the-knee justas, marcaram o show. Além disso, um dos destaques no quesito acessórios foram os cintos com fivelas semelhantes a duas mãos se entrelaçando, usados em diversas produções da estilista.
SIMONE ROCHA
Em seu desfile Outono/Inverno, no clássico ambiente da Lancaster House em Londres, a irlandesa Simone Rocha apresenta criações cheias de elegância, romantismo e delicadeza. Inspirada pelas Ilhas de Aran na irlanda, onde na antiguidade pessoas nas remotas e severas ilhas viviam da criação de ovelhas e uma batalha constante contra o mar para pesca, e a peça de John Millignton Synge, “Riders To The Sea“, que conta a tragedia e resiliência de uma mulher que perdeu o marido e filhos afogados no mar, algo que parte de uma narrativa comum na ilha.
Assim, a nova coleção da grife traz elementos ligados ao vestuário dos habitantes sofridos da ilhas, como bolsas de rede, perolas, e vestidos que se assemelham aos usados por recém-nascidos. Na modelagem, um sequencia de tons neutros em tecidos de algodão branco,lã e cetim. Entre as produções, estampas florais e prints com palavras, saias maxi, tops sem alça, e vestidos repletos de laços e faixas em tons de bege, preto e branco, e vibrantes de vermelhos e roxo, marcaram o show. Em looks estruturados de cetim sob a bases de tule, a estilista também destaca seu estilo marcante com o uso de sobreposições de peças.
TOMMY HILFIGER
Com estética urbana e esportiva, Tommy Hilfiger abriu seu desfile da London Fashion Week com a participação da top model Naomi Campbell, que surpreendeu o público imediatamente, colocando altas expectativas a coleção do estilista. A grife que nessa coleção que segue a parceria já estabelecida como o designer e campeão de Formula Um americano, Lewis Hamilton na collab TommyxLewis, se expande, e adiciona a cantora e songwriter H.E.R, vencedora de dois prêmios Grammy em 2019, transformado a parceria em TommyxLewisxHER.
Com uma proposta tendenciosa “see now, buy now” a mega produção de Hilfiger traz essência colorida, jovem e descolada, a grife traz grande diversidade em suas criações, variando do streetwear despojado até um estilo social mias elegante. Entre as peças estão jaquetas corta-vento, bermudas e shorts, hoodies, camisetas com mangas boca de sino e calças de moletom, jogging e cargos. Na paleta de cores, destacam-se tons pastéis, branco, preto, azul marinho, verde e cinza-escuro, além de estampas listradas, prints e de bandeiras. A grife também incorporou lenços de forma versátil e multiuso. Tanto no pescoço como nos ombros e na cintura, reinventando o acessório de modo moderno e diferente.
CHRISTOPHER KANE
O diretor criativo Christopher Kane preferiu modelagens arquitetônicas e cores que remetem à sensualidade em vermelho e tons neutros na coleção Ready-to-Wear “Naturotica”. Com inspiração na luxúria, clara na escolha por estampas que representassem Adão, Eva e o fruto proibido, a grife entrega looks ousados para a temporada. De acordo com Kane, ele descobriu que “O triângulo é a mais poderosa forma na natureza. E de repente — isso foi depois que nós desenhamos tudo —o olho de Deus veio para isso.”
Curiosamente, o estilista sempre trabalha com a triangulação entre moda, subversão e sexo. Em relação aos tecidos, os brilhos, as transparências, alfaiataria estruturada e a combinação de cetim plissado com renda são predominantes. Estampas geométricas, com referências dos anos 70, e animal print chamam atenção na passarela e o acessório em evidência é o broche.
BURBERRY
Inspirada nas décadas de 1970, 1950 e 1940 e nomeada como “Memories”, a nova coleção da Burberry para o Outono/Inverno 2020 evidencia a inconfundível estampa xadrez e traz para as passarelas da London Fashion Week o equilíbrio ideal entre o retrô e o moderno. A grife apresentou o desfile com selo sustentável em relação ao cenário montado na Olympia. Um local londrino que foi criado na época em que a marca iniciou no mercado. Entre as criações, casacos com silhuetas alongadas e recortes criativos deram o tom fashion para os looks apresentados pelo diretor criativo Ricardo Tisci. Ainda, as botas de bico fino foram combinadas com saias, calças e o tradicional trenchcoat. Já para os acessórios, as bolsas em tamanho grande são a aposta da vez.