Fotos: NOWFASHION/Alessandro Garofalo, Gio Staiano, Regis Colin, Valerio Metzzanotti e Elizabeth Pantaleo
Terminou, nesta tarde de quinta-feira, a semana da alta-costura, em Paris. De 20 a 23 de janeiro, 37 grifes apresentaram suas criações para a temporada de Primavera/Verão 2020. A redação da VLK selecionou os principais destaques do que será tendência para as próximas estações. Confira:
SCHIAPARELLI
Schiaparelli abriu a temporada de alta-costura, trazendo produções com tons neutros e sóbrios como azul navy, bege e preto, assim como peças multicoloridas com saias bufantes. As produções são adornadas com broches, joias e cintos metálicos dourados. Modelagens de alfaiataria oversized, drapeados de cetim e ombreiras anos 80, que deram tom elegantes a looks com office luxuosos. Com um encerramento colorido e divertido em grande estilo, Schiaparelli trouxe um toque clássico e acima de tudo inovador para a alta-costura.
DIOR
A passarela da Dior foi tomada por referências greco-romanas e cortes baseados em tendências de décadas passadas, inclusive os sapatos sem salto e em tiras combinaram perfeitamente com o tema “What if women ruled the world?” Por mais que tons metalizados tenham sido predominantes, algumas roupas com cores vibrantes também desfilaram a fim de quebrar a paleta monocromática. Portanto, a inspiração foi a artista plástica Judy Chicago, engajada no ativismo feminista. Golas em V, cintura marcada, tecidos plissados e comprimentos mais longos foram destaque nas confecções. Enquanto a fluidez das franjas douradas e peças leves com a alfaiataria rígida são contraste na coleção desta temporada, considerada conceitual.
GIAMBATTISTA VALLI
Pela segunda vez, o estilista Giambattista Valli decide por não fazer um desfile na semana de alta-costura. Ao invés de modelos na passarela, a opção foi por expor suas criações, no Palácio da Concórdia, em manequins para possibilitar que o público pudesse observar melhor as peças e os detalhes. O ponto alto desta coleção são os volumes chamativos, feitos com materiais femininos e delicados, como tule, franjas e plumas. Com base nas fotos de Marella Agnelli, Lee Radziwill e Jackie Kenedy dos anos 1960 e 1970. Cores como rosa, verde, branco e nude foram destaque. Além disso, estampas clássicas também estavam presentes, combinadas com brilhos e tecidos glamourosos.
CHANEL
O desfile da coleção primavera/verão Maison Chanel, no Grand Palais de Paris, abre o segundo dia da Semana de Alta Costura já com muito a falar na terça-feira (21). O cenário, um de jardim cercado por lençóis brancos pendurados cobrindo as entradas. O conceito do local foi pensado especialmente para representar o antigo orfanato da Abadia de Aubazine. Um dos principais lugares da infância da estilista e fundadora da maison, Gabrielle, onde passou parte da juventude.
Por isso, não podia ser mais adequado ao mood da coleção. Na passarela a diretora criativa da Maison, Virginie Viard, apresenta uma Chanel clássica, modesta e romântica. Fazendo homage a história e memória da estilista, as criações de Viard são inspiradas na infância de Chanel, e trazem produções daywear com diversos tailleurs, blazers e vestidos de tweed. Além de silhuetas bem acinturadas de caimento reto e contido com tons claros sóbrios. Alguns looks de festa também passaram pela passarela, com tons azuis, escuros e brancos em sobreposições com tecidos leves de tule sobre rendas e bordados. Com simplicidade e praticidade, a grande casa de moda retoma a época e estilo da fundadora com muita elegância e novo estilo.
GIVENCHY
O desfile foi repleto de momentos líricos e reflexivos, com o romantismo moderno e fantasioso apresentado pelas criações da Maison Givenchy para a semana de alta-costura de Paris. A coleção Primavera/Verão, intitulada “Une Lettre d’Amour”, na definição da grife: “uma sinfonia de jardins como uma carta de amor de mulher para mulher”. O show foi acompanhado por uma pequena orquestra clássica, sentados em pilastras de grade metálica sob a passarela. Enquanto a música tocava, as criações de Clare Waigh Keller, diretora artística, eram apresentadas.
As peças trouxeram uma dualidade épica em estilos únicos, de um lado vestidos bem estruturados e construídos em tons de preto e branco e em outro sobreposições em babados de tule drapeados em grandes proporções, que pareciam flutuar na passarela. Apesar dos tons neutros, ainda houve intercalações de cores, que variavam entre azuis, roxos e laranjas. Um dos acessórios que mais chamou a atenção foi o cinto maxi e o salto cano alto colorido. Givenchy intercala belíssimas peças de alfaiataria com volumosos vestidos de gala, nada menos para uma coleção de alta-costura da marca. Sem dúvida marcante.
ELIE SAAB
Elegância e feminilidade em peças fluídas e adornadas por rendas, gemas e pérolas. Esta é Elie Saab, grife especializada em vestidos de noiva. A coleção desta temporada para a semana de alta-costura incorpora bordados e transparências que, de acordo com a marca, traz graça e charme para as produções chiques. A leveza e, ao mesmo tempo, riqueza enchem a passarela com referências do México Imperial, inspiração para o estilista. Cortes assimétricos estão presentes nas criações mais coloridas, em tons que variam entre verde, azul e rosa. Além disso, o tradicional branco e o nude vêm com força na cartela de cores da marca.
VALENTINO
O desfile ocorrido no Hotel Salomon Rotschild, na quarta-feira, foi um dos mais comentados da semana de alta-costura de Paris. Nesta coleção de Primavera 2020, a Valentino inova na silhueta, mantendo os tradicionais volumes apenas em partes estratégicas das roupas. O exagero não acaba, mas é comedido e com propósito focado em babados, laços e penas.
Afinal, Pierpaolo Piccioli quis mostrar a individualidade como uma característica única que une o coletivo. Isso reflete na própria produção do atelier, em que ele, diretor criativo, tem as ideias e os funcionários o ajudam a torná-las realidade. A inspiração vem através do psiquiatra Carl Jung, conhecido por fundar a psicologia analítica. É a partir desta base que o tema da temporada fica claro: os sonhos e seus significados do inconsciente.
Além das conhecidas transparências da maison, as novas apostas são peças estruturadas, com modelagem cauda de sereia, estampas orientais e composições de cores variadas. Inclusive, o vermelho, grande marca da Valentino, é tom protagonista na passarela. Nos acessórios, os brincos maxi com franjas foram os que mais chamaram a atenção, junto com as bolsas em tamanho grande. Curiosidade: esta última é constraste com a proposta da Giorgio Armani Privé, que veio com clutchs.
MARGIELA
Com extravagância e inspiração streetwear, a Maison Margiela desfilou na quarta feira (21), sua coleção “Artisional”. Nela, o diretor criativo, John Galliano, apresenta um conceito despojado de alta-costura, com destaque no uso de recortes em peças oversized em estilo destroyed. Além disso, sobreposições em tecido de tule deram suavidade a vestidos e macacões bicolores, sendo usado pelas modelos como um adereço de rosto. Sobretudo as produções trouxeram uma explosão de cores e tons a passarela, indo dos mais escuros a tons pastéis claros, em diversas combinações. Controverso e urbano, a coleção mistura técnicas e silhuetas de alfaiataria clássica com uma construção caótica, grunge e atemporal, cujo a marca tem sido reconhecida.