Por: Circe Petersen
Psicoterapeuta, Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS) e Dra. em Psicologia do Desenvolvimento (UFRGS)
A pandemia revelou nossas vulnerabilidades nestes últimos meses, e além disso trouxe a superposição de estressores, que ocasionou sofrimento psíquico às populações.
Alguns estudos têm apontado para os fatores de risco, mas também para o que podemos fazer para promover bem-estar e resiliência.
Um estudo sobre o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental, conduzido na China, revelou que a implementação de medidas rigorosas de quarentena, como a manutenção de um grande número de pessoas em isolamento, afetou as vidas de todos em muitos aspectos. Entre os diversos problemas psicológicos desencadeados estão o transtorno do pânico, a ansiedade e a depressão.
Chamo a atenção para um relatório publicado recentemente pela Associação Americana de Psicologia que sugere para que tenhamos atenção especial aos adolescentes.
Sendo assim, saliento para os jovens, que estão mais expostos às mídias sociais, que não sobrecarreguem a vida mental com excesso de informações sem filtro, e sugiro que sejam selecionadas e limitadas as informações a um pequeno horário de atualizações diárias.
Tenho preconizado a todos os meus pacientes a execução de Programa de Redução de Estresse, baseado em Mind-Funes (MBSR). Além disso, sugiro que você também tente introduzir práticas meditativas em sua vida.
CUIDADO COM A SAÚDE MENTAL
A ameaça trazida pela COVID-19 pode colocar a mente em posição de luta e fuga como resposta normal ao estresse, e tudo que temos vivido desafia nossa capacidade de processar mentalmente toda esta carga psíquica. Assim, além de práticas meditativas, é importante manter exercícios físicos regulares e conexão humana.
O apoio social tem sido descrito exaustivamente, desde a década de noventa, como um dos fatores mais robustos para promoção da resiliência. Outro fator importante é ter uma rotina estruturada, pois isso ajuda nosso sistema nervoso central a entender que temos algum mínimo controle sobre a nossa própria vida, e não ter previsibilidade e controle pode deflagrar estados de angústia nos humanos.
Precisamos estar alertas para o risco de uma epidemia de transtornos mentais e, cientes desse risco, se prevenirmos, será mais econômico sob todos os pontos de vista, tanto do financeiro quanto da economia psíquica. Assim, deixo aqui algumas dicas importantes para esse momento desafiador que estamos vivendo.
DICAS PARA A SAÚDE MENTAL
– Dê atenção especial aos adolescentes. É muito importante apoiar seus filhos. Tendo em vista que, assim como nós adultos, eles também não estavam preparados para esta situação e, como resultado, há muitas incertezas.
– Crie oportunidades para que os jovens possam compartilhar com você seus planos de vida, e reflitam, juntos, se isso os deixará felizes.
– Lembre aos seus filhos que eles não devem ter medo de se afastar de seus planos anteriores e tentar algo novo e diferente.
– Mantenha a sua vida em perspectiva e concentre-se naquilo que está indo bem.
– Evite trabalhar no mesmo local que você dorme, a fim de prevenir distúrbios do sono.
– Crie espaços para relaxar.
– Pratique autocuidado em períodos de 15 a 30 minutos ao longo do dia e incentive seus filhos a fazerem o mesmo. Isso inclui uma caminhada curta, ligar para um amigo ou assistir a um programa engraçado.
Por fim, ressalto a importância de estar atento aos alertas. No entanto, também lembro que é essencial que você siga cultivando seus sonhos, exercite o auto-cuidado e mantenha o otimismo e a alegria sempre que possível.
Referências: Stress in America 2020. A National Mental Health Crisis. Retrieved 23/11/20 from apa.org