Lilly Sarti, PatBo e Gloria Coelho
Fotos: Zé Takahashi/Agência Fotosite
Do streetwear a modelagens mais refinadas, passando pelo casual, atemporal e sem gênero, a passarela da 48ª edição do São Paulo Fashion Week – SPFW – mostrou suas criações para a temporada 2020. O evento, que começou dia 13 de outubro e se encerrou na sexta-feira, 18, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, na capital paulista, teve 26 marcas exibindo tendências para o inverno e alto verão.
Entre as propostas apresentadas pelos estilistas experientes e estreantes, destaque para peças oversized, transparências, looks metalizados, estampas florais, tecidos fluidos e plissados, conferindo bossa e movimento ao visual, além das já consagradas mangas bufantes e a presença do couro. A seguir, um pouco do que foi apresentado pelas marcas.
ELLUS
Com a direção criativa de Adriana Bozon, a grife apresentou uma coleção inspirada no impacto dos seres humanos no meio ambiente, porém com forte influência do utilitarismo, em alta neste ano. Nos pés, coturnos, plataformas e tênis, tendências desde a temporada passada. Ao final do desfile, os modelos voltaram à passarela carregando cartazes que divulgavam o manifesto #ellusdomore, com o anúncio de ações de preservação ambiental, em parceria com a ONG Route Brasil.
BOBSTORE
A coleção minimalista de outono-inverno 2020 desenhada por André Boffano trouxe tons terrosos e franjas, que deram personalidade para os looks compostos por alfaiataria, tricô e couro. Nos pés, as botas marcaram a passarela. O conceito do western foi a principal influência para as roupas, baseado na pintora americana Georgia O’Keefe e sua mudança para o Novo México.
REINALDO LOURENÇO
Com influência da Inglaterra, Reinaldo Lourenço apresentou uma coleção marcada pelos estilos softpunk e vitoriano. O preto se mesclou com tons vibrantes, contrastados com brilhos e babados, dando uma cara mais ousada para a temporada outono-inverno de 2020. Bordado inglês, couro, ilhoses e coturnos se fizeram presentes nos looks.
FABIANA MILAZZO
A estilista utilizou o artista plástico Vick Muniz como inspiração para sua coleção. Com proposta diferente das anteriores, Fabiana Milazzo optou por algumas peças mais ligadas ao minimalismo, mas manteve tons vibrantes e brilhos. Paetês, rendas, babados e tules faziam parte das peças. Nos pés, sandálias de salto delicadas completavam os looks.
PATBO
Estampas florais e geométricas dominaram a passarela de Patricia Bonaldi, responsável pela direção criativa da grife. A coleção de alto verão da marca contou com peças beachwear fluidas e volumosas, em tons vibrantes contrastados com bege e branco, combinadas com mangas bufantes e decotes destacados. Para completar, sapatos de bico fino e sandálias de tiras delicadas ajudaram a compor o visual.
LILLY SARTI
O glam dos anos 1970 é a principal característica da estilista Lilly Sarti. Poncho peruano com estampa militar, calça bufante com paetês e camisa cowboy com babados românticos apareceram na passarela. Os brilhos e elementos de outras culturas foram incorporados na coleção de outono-inverno 2020. Nessa temporada, a label manteve seu DNA original acrescentando elementos modernos conferindo charme às produções glamourosas.
BEIRA
Looks largos e monocromáticos compostos por bermudas, calças, vestidos e saias em tons suaves de branco, cinza e azul foram destaque na passarela da grife, que tem Lívia Campos na direção criativa da label. Bolsos frontais, gola alta e botões marcaram presença, assim como o tie-dye, que foi o diferencial no desfile. Nos pés, os modelos usaram tênis All Star em cores parecidas com as apresentadas nas peças para complementar a simplicidade do estilo. O toque final foi dado no detalhe das meias acinzentadas com comprimento até o joelho, chamando a atenção de quem estava assistindo.
GLORIA COELHO
A inspiração para a coleção de outono-inverno da estilista foi o livro escrito por uma criança de dez anos, “Necromance: A conquista do Planeta dos Dragões e o Bestiário das Criaturas”, de Ricardo Gontijo. Tanto que a estampa de dragão apareceu em confecções apresentadas pela marca, assim como materiais que imitam escamas. No geral, peças majoritariamente em tons sóbrios foram combinadas com plumas, meias-arrastão, cintos e tecidos que deram destaque aos ombros. O efeito de universo lúdico nos looks foi alcançado através do minimalismo e de um toque do brilho futurista e do punk. Para completar, Gloria Coelho optou por botas de bico mais fino e em tons neutros ou bicolores.
LINO VILLAVENTURA
Brilhos e babados enfeitaram a passarela de Lino Villaventura em sua coleção para o inverno 2020! O prateado e os tons vibrantes se destacaram, bem como estampas surrealistas conferiram personalidade aos looks. A inspiração do estilista veio principalmente da fantasia e de uma Los Angeles mood disco. Detalhe curioso: todos os modelos estavam com máscaras faciais para ficarem com um “ar meio plastificado”!
ÂNGELA BRITO
Estreante no evento, a estilista Ângela Brito, que há seis anos lançou sua grife homônima, trabalha em suas criações de uma forma muito particular: com mais tempo e sem que a peça tenha um prazo de validade. A coleção apresentada por ela foi preparada durante dez meses. Na passarela, a profissional, que nasceu em Cabo Verde, na África, mas há duas décadas mora no Rio de Janeiro, mostrou assimetrias, vestidos leves, porém estruturados, e uma alfaiataria desconstruída exibida em blusas e saias, em versões mais ajustadas ao corpo ou mais amplas. Estampas florais pintadas à mão, o mostarda com verde e com azul, tons terrosos e avermelhados, e o branco total ganharam destaque em seus looks.
ISAAC SILVA
Referências às religiões afro-brasileiras e à ancestralidade africana marcaram a coleção apresentada pelo estreante Isaac Silva. O estilista mostrou vestidos vazados de crochê e uma moda bem streetwear, com peças de malha de algodão e viscose, a jaqueta com o slogan da grife, “Acredite no seu Axé”, além de blazer e calça bordados com búzios e brilhos prateados. Como ponto alto, os vestidos festivos, representando o céu de Oxalá.
NERIAGE
Com uma moda de detalhes sutis, Rafaella Caniello se inspirou por uma trilha que realizou no Brasil, bem como nas poesias de Manoel de Barros no livro “Menino do Mato”, para criar sua collab para o inverno 2020. Na passarela, a estilista brincou com a textura nos plissados, utilizando ainda um mix de tecidos combinando casacos de lã com as peças de seda e os tricôs. Looks alongados, a maioria monocromáticos ou tom sobre tom exibiram uma coleção onde a fluidez e o estruturado surgiram com equilíbrio. Bolsas feitas de palha de tucum, na Amazônia, num trabalho realizado com a Associação das Mulheres do Alto Rio Negro, deram o toque em seu desfile.