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Trajes bem cortados, acabamento impecável e caimento perfeito são algumas das diversas características que definem o mais conhecido e repeitado estilista de alta-costura do Rio Grande do Sul, Rui Spohr, que partiu em 30 de abril de 2019, com 89 anos de idade, deixando uma herança de 60 anos de dedicação à moda.
“O que é bonito é bonito sempre. O bom gosto é imortal. É como uma obra de arte.”
– Rui Spohr
Com uma vida voltada à arte de criar peças de alta-costura, o estilista Rui Spohr nasceu em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, batizado como Flávio Hanneman Spohr. Trocou de nome para assinar as primeiras criações que produziu. Integrante de uma tradicional família de origem alemã, decidiu ainda muito jovem que sua trajetória profissional seria na moda, começou trabalhando na fábrica de calçados do pai dele. Porém, Rui percebeu que a vocação era direcionada para a criação e arte, ligadas à profissão que acabou desempenhando.
Com esse objetivo em mente foi para Paris, com 22 anos, em 1952, sendo o primeiro brasileiro a profissionalizar-se em moda na capital francesa. No período em que estava lá, trabalhou com Jean Barthet, que se destacou na década de 1950 como chapeleiro das estrelas de Hollywood.
Voltou para o Brasil e mostrou o conhecimento que adquiriu fora. Criou inúmeros modelos de alta-costura e vestidos de noiva. Realizou desfiles em lugares inusitados de Porto Alegre, como a Catedral Metropolitana e o Palácio do Governo, o Piratini. E colocou o Rio Grande do Sul, a partir dos anos 1960, na rota da moda. Seu talento podia ser visto no corpo de mulheres importantes da sociedade, misses e cantoras.
RUI É RUI
Sempre muito procurado pela imprensa para dar dicas de moda e falar sobre o tema, o estilista marcou época, tornando-se uma referência na moda gaúcha e brasileira. Em 2017, foi empossado como um dos imortais da Academia Brasileira de Moda (ABM) no Rio de Janeiro.
Rui definia seu trabalho como a “sofisticada originalidade do simples”. A expressão “menos é mais”, para ele, significava bom senso e sensibilidade. Com toda vivência que adquiriu, a definia como um reflexo da condição social e econômica de uma sociedade. Isso definiu a forma de trabalhar e ver a moda do estilista, que era vista como uma ferramenta de aceitação e valorização pessoal. Através da personalidade, conquistou suas clientes e quando elas vestiam sua roupa costumavam dizer: “Rui é Rui”.
Além do seu dom na alta-costura, o estilista encontrou na pintura outra forma de expressar a sua criatividade. Mantinha um pequeno atelier em sua residência, na capital gaúcha, tendo a figura feminina como protagonista de suas obras. Semanalmente, era orientado pelo artista plástico Hô Monteiro, que o acompanhava há 10 anos. Rui chegou a realizar uma exposição de seus trabalhos em dezembro de 2018. Além da esposa, Dóris Spohr, com quem sempre trabalhou, deixou filha Maria Paula Spohr e a neta Antônia Sphor Moro.
O INSTITUTO RUI SPHOR
O Instituto Rui Spohr foi fundado em 2017, visando criar espaços para a preservação da memória do estilista, bem como servir de fonte de pesquisa e fomentação de aprendizado. A sede está localizada provisoriamente na Rua Miguel Tostes, 125.
O projeto de preservação do acervo e exposição está aprovado pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, e enquadra-se no artigo 18, o que permite a dedução de 100% do valor do patrocínio no imposto devido. Pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real podem direcionar até 4% do imposto de renda devido e pessoas físicas que declarem o Importo de Renda no formulário completo podem direcionar até 6% do imposto devido.