Antes de se tornar Priscilla Presley, ela era Priscilla Ann Beaulieu, uma adolescente como tantas outras. Levava uma vida comum de rotina, frequentando a escola e cumprindo as típicas obrigações de seus 14 anos. A diferença é que ela passou parte de sua juventude viajando e residindo em outros países devido ao fato de seu pai ser um oficial da Força Aérea dos Estados Unidos. Ao se estabelecer na Alemanha, a vida de Priscilla estava prestes a mudar drasticamente.
Em setembro de 1959, a jovem nova-iorquina, que se sentia profundamente infeliz longe de sua terra natal, encontrou refúgio ao conhecer um homem da mesma origem, Elvis Presley, na Alemanha Ocidental. O destino os uniu, proporcionando conforto e identificação em suas circunstâncias: ela, afastada de casa e dos amigos; ele, obrigado a cumprir o serviço militar, interrompendo sua carreira por tempo indeterminado. Apesar da separação que se aproximava, o rei do rock tinha planos de, ao retornar, continuar sua carreira musical e iniciar uma carreira cinematográfica. E assim aconteceu: Elvis retornou aos Estados Unidos, enquanto a jovem Beaulieu permaneceu na Alemanha para concluir seus estudos.
Em 1960, no aeroporto de Frankfurt, Priscilla se despedindo de Elvis.
O relacionamento deles enfrentou desaprovação da mídia e do público devido à diferença de idade, com ele sendo mais velho e ela mais jovem. No entanto, o amor prevaleceu. Elvis conversou com os pais de Priscilla Ann e os convenceu a permitir que ela fosse viver com ele em sua mansão, a Graceland, que tinha quase 56 mil metros quadrados, localizada na cidade de Memphis, no estado do Tennessee.
Ao desembarcar na América, Priscilla iniciou um processo de readaptação. Ela concluiu o ensino médio e, ainda muito jovem, adotou um novo estilo de vestir, aproximando-se da idealização do que seria uma namorada de um astro do rock. Descubra agora como a moda estratégica impactou a vida de Priscilla Presley, tornando-a uma referência de estilo.
O novo filme de Sofia Coppola nos apresenta a perspectiva de Priscilla durante sua convivência com o cantor. Eles se casaram após sua graduação, mas antes do matrimônio, ele já a havia introduzido ao seu estilo de vida, ditando como ela deveria se vestir e arrumar o cabelo.
Em uma entrevista para a Vogue, Priscilla revelou que, na verdade, adorava estar sempre bem-arrumada. Ela e Elvis tinham um acordo: ambos se esforçavam para estar sempre bem-apresentados um para o outro, mantendo o interesse na relação.
O relacionamento deles revelou um lado raramente visto do romance. Como músico, Elvis desejava moldá-la para ser uma esposa que o aguardasse após suas turnês, sempre presente e disponível, sem expressar suas próprias vontades, e que lhe desse a atenção que ele necessitava. Além disso, ele esperava que ela desempenhasse o papel de mãe de família, atendendo às suas expectativas em termos de moda e beleza.
O estilo de Priscilla foi marcado por longos cabelos pretos e penteados volumosos, características icônicas dos anos 60. Seus olhos eram acentuados por delineadores, e ela frequentemente usava tailleurs, capas, mini vestidos tubinho, laços dramáticos, luvas de couro e sapatos Mary-Jane que, aos 16 anos, a faziam parecer mais velha e madura, desviando a atenção de sua real idade.
Aeroporto Internacional de Memphis, 1963.
Naquela época, voar de avião era algo grandioso. Assim, as pessoas famosas e importantes já se preparavam para serem fotografadas ao aterrissarem, vestindo roupas elegantes de grandes grifes. Elvis chegou a afirmar: ‘As pessoas naquela época se vestiam com elegância, e eu quero dizer realmente elegância, porque estar em um avião e voar era algo grandioso. Você nunca via alguém mal vestido. Eu adorava capas naquela época. Ainda amo capas’.
Priscilla e Elvis partindo de jato particular para a lua de mel em 1967.
A personalidade camaleônica de Priscilla a fez abraçar diversos estilos, sem se limitar a apenas um. Era possível vê-la de maneiras distintas, arriscando e adotando as tendências mais ousadas. Mais próxima dos anos 70, adotou uma estética mais boho chic.
Ao perceber a solidão dentro de seu relacionamento, Priscilla iniciou um processo de autodescoberta, adotando hobbies e praticando atividades como karatê, além de aprofundar seu interesse pela moda.
Após sua separação, ela perseguiu seu sonho e se tornou uma empresária, fundando uma marca em parceria com sua amiga Olivia Bis. Assim surgiu a boutique Bis & Beau, que operou em Beverly Hills de 1974 a 1976, atendendo clientes renomados da indústria musical.
Priscilla em sua loja de roupas, Bis & Beau.
Quando seu casamento chegou ao fim, ela experimentou diversas combinações, incluindo jaquetas, shorts e calças jeans — o famoso ‘Canadian Tuxedo’ —, gravatas, camisas de botão, blusas florais com decotes, saias midi e paletas típicas dos anos 70.
Nos anos 90, vimos Priscilla adotar peças mais sóbrias, cabelo com corte bob e empoderar-se dos elegantes ‘power suits’, os famosos terninhos da época que tinham uma vibe mais masculina, além de optar por vestidos em seda, tecidos mais leves e cintilantes.
Nos dias de hoje, ela admite que o preto é sua zona de conforto e é uma grande fã da cor. Adotando um estilo mais clássico, ela aposta em alfaiataria com blusas de mangas bufantes e calças largas e sedosas, criando uma combinação poderosa e delicada. Além disso, ela opta por saias e vestidos midi, complementados por um cabelo vermelho que adiciona ainda mais personalidade ao seu perfil e se tornou sua marca registrada.
Priscilla em um jantar da Chanel celebrando o lançamento do livro do Arquivo de Sofia Coppola e no tapete vermelho do filme “Priscilla” durante o Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2023.
Para quem ainda não viu o filme “Priscilla” no cinema, fica aqui a nossa recomendação. Hollywood tem dado espaço para que mulheres também contem seu lado da história, e essa fase da vida mostra que Priscilla foi muito além de ser conhecida apenas como a mulher de Elvis Presley.
Fotos: Reprodução.