Estamos no segundo dia da Paris Fashion Week e trouxemos para você as principais referências e o embasamento das marcas Dior e Saint Laurent para criar suas tão esperadas coleções de Outono/Inverno Ready-to-Wear.
As grifes estão entre as mais esperadas e exclusivas do cronograma da semana de moda e, por mais um ano, encantaram os presentes com temas provocativos que redefinem cada vez mais a indústria fashion. Leia agora a matéria e descubra tudo que rolou nos desfiles.
Dior AW24
A coleção Autumn/Winter 2024-2025 de Maria Grazia Chiuri tem como inspiração: Gabriella Crespi.
Gabriella, a designer de origem milanesa possui uma história inspiradora de reinvenção, que incluiu uma jornada espiritual de 20 anos nos Himalaias indianos, pontuada por um fabuloso sucesso no mundo do design. Crespi produziu objetos e móveis artesanais sensacionais com uma estética elegante e futurista, suavizada por um profundo sentimento pelo poder cósmico da natureza. Ela inclusive, em meados dos anos 50, criou pequenos artefatos para a Maison Dior após Marc Bohan, o terceiro diretor criativo da marca, ter identificado em uma de suas criações (uma lâmpada de lua) o símbolo da grife C e D, fascinando-o instantaneamente.
A musa inspiradora também impulsionou o conceito para este ano, que resgata o início da linha prêt-à-porter Miss Dior, criada em 1967, com a primeira boutique aberta na 11 bis rue François 1er, tornando-se uma idealização global e marcando a primeira vez que um designer usou e desenvolveu o conceito de um logotipo, seja para roupas ou acessórios. Havia essa ideia de que Miss Dior poderia ser um slogan, um manifesto para a juventude, algo animado. Era como se fosse “É Dior, e estou orgulhoso(a) de estar usando”. Na época, a sociedade havia mudado e essa vertente explorou elementos do estilo jovem.
A cenografia do evento contou com a arte de Shakuntala Kulkarni, uma artista sediada em Mumbai cujo trabalho é uma investigação contínua sobre as vidas das mulheres urbanas e seus espaços. Todas essas referências se traduziram em alfaiataria, saias com fendas, trench coats, corta-ventos e uma estampa graficamente urbana, combinados com a sofisticação de peças elaboradas, criando um contraste com a proposta refinada do desfile.
Os cortes inspirados nos anos 50 e 60 estavam muito evidentes. Blusas pretas, mais básicas, de gola alta, compuseram a maioria dos looks, retratando o clássico, indispensável na construção da Dior. Botas de cano alto, até os joelhos, completaram a estética invernal, que veio acompanhada por uma paleta de cores incluindo branco, preto, azul marinho, cinza, prata, dourado metalizado e tons terrosos.
Algumas sobreposições se destacaram, como o top sobre a blusa. Acessórios de cabeça, como chapéus, echarpes envolventes e bonés, apareceram, deixando as combinações mais democráticas. O jeans fez uma breve e elaborada aparição em um conjunto de jaqueta e saia plissada. Materiais como couro reforçaram a qualidade das peças, e o xadrez, tão característico da temporada mais fria, não faltou, além de um inesperado animal print de leopardo.
A beleza foi composta por sombra rosa no canto interno dos olhos, conferindo um ar jovem e moderno às modelos sérias que cruzavam a passarela. Franjas nas bordas da saia continuam sendo tendência, como já vinha sendo sinalizado no ano passado, unidas a vestimentas com aplicações bordadas, ora mais discretas, ora com brilhos.
Saint Laurent Women’s Winter 24 Collection
Anthony Vaccarello apresentou sua coleção para a YSL de forma mais atrativa do que nunca. A pele à mostra tem sido uma característica marcante nos desfiles do estilista, que agregou laços a blusas transparentes, acompanhadas de saias lápis, bem como vestidos drapeados com essa particularidade específica, e isso tem uma história por trás.
Vaccarello remonta a 1966, quando a mulher era símbolo de transgressão e ousadia para a época, e Yves Saint Laurent incorporou isso à moda e disseminou, naquele ano, a primeira de muitas blusas de chiffon que deixavam os seios à mostra. Em 1968, ele lançou um vestido que revelava ainda mais, em um chiffon finíssimo. Anos depois, o então diretor criativo Anthony resolveu trazer de volta para a Saint Laurent as referências que já causaram muito burburinho.
Essa reinterpretação veio acompanhada de um trabalho com proporções que também foi enfatizado, como era de se esperar, com a tendência aparecendo em blazers e jaquetas compostas por diferentes materiais.
A seda, um tecido luxuoso, ganhou cores mais enérgicas como o amarelo, enquanto a paleta começou em tons terrosos, uma característica abordada nos desfiles anteriores da grife, migrando para cores como vermelho bordô, azul, preto, verde oliva e cinza.
Grandes casacos de pele deram opulência à coleção. A atitude mais séria da marca, que exibe silhuetas femininas mais corporativas, ainda impera, sendo ao mesmo tempo forte e sedutora. Os acessórios maxi continuam em destaque para a próxima temporada, como evidenciado pelos brincos e pulseiras, e a beleza terrosa é a favorita em termos de praticidade e sofisticação.
A cabeça das modelos foi envolta por uma espécie de capuz em um tecido muito leve, contrastando com as cores das roupas e dando todo destaque a elas. A alfaiataria típica da Saint Laurent encanta toda vez que é exibida na passarela, pois consegue unir a complexidade da modelagem a um estilo sóbrio e, ao mesmo tempo, descolado, atingindo todas as idades.
Fotos: Vogue e Acielle StyleDuMonde