Nesta primeira segunda-feira de maio, os olhos do mundo da moda se voltam para as escadarias do Metropolitan Museum of Art, em Nova York. É dia de Met Gala — o evento que, mais do que celebrar a moda, a utiliza como instrumento de narrativa, poder e provocação. Muito além do glamour, o baile marca a abertura oficial da exposição anual do Costume Institute e reúne, em uma só noite, estilistas, celebridades, curadores, investidores e formadores de opinião em um dos rituais sociais mais simbólicos da atualidade.
Mas nem sempre foi assim. Criado em 1948 por Eleanor Lambert, o Met Gala nasceu como um jantar beneficente para angariar fundos ao então pouco visitado departamento de moda do museu. Por décadas, o evento era um encontro restrito à alta sociedade nova-iorquina, longe dos holofotes. A virada começou nos anos 70, com a influência de Diana Vreeland, que transformou as exposições do Costume Institute em grandes narrativas visuais. E se consolidou, de vez, a partir de 1995, com Anna Wintour assumindo a curadoria da noite, a seleção dos convidados e o tom de espetáculo que conhecemos hoje.

Cada edição tem como tema o conteúdo da exposição — e é justamente essa proposta conceitual que desafia convidados e estilistas. De “Camp” a “Heavenly Bodies”, passando por “China: Through the Looking Glass” ou “Rei Kawakubo/Comme des Garçons”, os temas não são apenas convites à ousadia estética, mas sim provocações intelectuais. O tapete vermelho funciona, então, como um ensaio visual sobre identidade, contexto histórico e performatividade.

Embora um ingresso individual custe em torno de 50 mil dólares, a entrada depende do aval da anfitriã — que já vetou marcas e celebridades por não estarem em sintonia com os valores da mostra. No Met Gala, não basta estar na lista: é preciso estar em cena com propósito. A roupa é escolha, posicionamento e, muitas vezes, provocação.


Ao longo das décadas, o Met Gala deixou de ser apenas um baile para se tornar um espelho do nosso tempo — onde imagem, moda e discurso caminham lado a lado. Hoje, mais uma vez, as escadarias do MET se transformam em palco. E, como em toda boa peça, cada look contará uma história.



