Fotos: Jonas Adriano
Em outubro de 2020, após se submeter a exames de rotina, a jornalista e apresentadora do Jornal do Almoço, exibido pela RBS TV, Cristina Ranzolin, descobriu que estava com câncer de mama. Na ocasião, a filha Antônia Ranzolin Falcão era uma das candidatas ao Glamour Girl e estava participando das campanhas de conscientização e prevenção da doença. A notícia pegou a todos de surpresa, inclusive o marido, Paulo Roberto Falcão, que junto com Cristina ligou para o médico para confirmar a suspeita.
No dia em que recebeu a notícia, Cristina ainda apresentou o JA, mas depois precisou se afastar para fazer uma bateria de exames e decidir o melhor caminho para o tratamento. No decorrer dos dias a jornalista foi assimilando a doença e ganhando forças, através do apoio da filha, do marido, da família e dos amigos, para enfrentar a doença e voltar a sua rotina. Após um breve período afastada das telas Cristina voltou ao trabalho, o qual desenvolve há mais de 30 anos. Segundo ela, manter-se ativa ajuda a superar a doença.
Em um bate-papo descontraído e cheio de amor, Cristina e Antônia, contaram para a VLK sobre a doença, o trabalho como Glamour e as perspectivas para o futuro.
CRISTINA RANZOLIN FALCÃO
VLK – Durante o período em que Antônia estava concorrendo a Glamour Girl, você descobriu que estava com câncer. O fato dela estar participando das campanhas da Liga ajudou você a assimilar e enfrentar melhor a doença?
Cristina Ranzolin: Eu acabei descobrindo a doença menos de um mês antes do dia em que ela foi eleita a Glamour Girl, foi um dia depois do meu aniversário, e a Antônia estava superenvolvida com o trabalho da Liga. Ela estava participando de uma ação no shopping, em que eram distribuídos panfletos para alertar sobre a importância da prevenção do câncer e estimular as mulheres a fazerem seus exames.
VLK – Qual foi a sensação de ver a filha ser eleita a Glamour Girl 2020?
Cristina Ranzolin: Fiquei muito feliz e orgulhosa. Eu concorri a Glamour em 1983, mas naquela época eu não consegui participar muito, porque eu já estava no primeiro ano da faculdade, então não tive muito tempo para trabalhar pela Liga, mas foi algo que eu gostei muito e queria ter me envolvido mais. Então foi muito legal, nesse ano, ver a Antônia participando e se envolvendo com tanta dedicação.
VLK – Você ajudou a Antônia nas arrecadações?
Cristina Ranzolin: Sim, eu participei, mas ela que estava sempre à frente, ela que se movimentou, entrou em contato com as pessoas, com minhas amigas. Eu dei o apoio. Eu sempre participei de tudo na vida da Antônia, desde pequeninha, eu nunca fui de terceirizar nada, eu gosto de levar para o colégio, para a dança, procuro achar tempo na minha agenda para ser mãe mesmo. Nós temos uma relação muito boa, de parceria.
VLK – E você costumava fazer exames?
Cristina Ranzolin: Eu faço os meus exames rotineiramente, uma vez por ano, independentemente de ter sintoma, tanto que fui fazer o exame clínico, a médica me examinou, eu estava ótima, mas ela pediu os exames de rotina, e quando fiz apareceu o câncer.
Foi uma surpresa para todo mundo, foi um susto no momento porque, por mais que estivéssemos envolvidas com a Liga na campanha de conscientização, nos assustamos muito. Mas aos poucos as coisas vão se clareando, e a gente vê que não é um bicho de sete cabeças, e vamos nos conscientizando e tendo forças. Inclusive a própria Antônia me deu muita força. No meu aniversário, ela fez uma homenagem dizendo que eu era a mulher mais linda e forte do mundo. Quando eu estava fazendo a biópsia, era o que mais vinha na minha cabeça. Pensei “eu sou forte, minha filzha me acha forte, então não vou decepcioná-la”, e isso me deu muita força.
Houve um momento em que ela se assustou, me abraçou e chorou, mas depois foi até conversar com o médico para esclarecer todas as dúvidas dela… Depois que comecei os tratamentos, as coisas se acalmaram, a gente vai digerindo e vai retomando tudo.
VLK – Depois que passar o tratamento, você pretende se envolver em algum trabalho vo-luntário?
Cristina Ranzolin: Na verdade eu sempre me envolvi de alguma forma com o trabalho voluntário, mas sempre de outra maneira, pois, por eu trabalhar em um veículo de comunicação, quando eu me envolvo em alguma causa, eu passo um pouco de credibilidade e tenho mais chance de conseguir algumas coisas. Assim, eu acabo ajudando várias entidades de uma forma ou outra… mas eu sempre quis ter um foco maior, porém nunca tive muito tempo para me dedicar exclusivamente para isso. Quem sabe não esteja surgindo uma oportunidade agora? Uma coisa que me incomoda é a falta de acesso aos tratamentos. Eu tenho recebido mensagens de centenas de mulheres que descobriram o nódulo há dois anos e ainda não conseguiram fazer uma mamografia. Algumas descobriram, mas não têm acesso aos tratamentos… Eu quero tentar lutar por maior dignidade para a mulher, pois não dar a oportunidade de tratamento adequado também é uma forma de violência contra a mulher.
VLK – Qual a mensagem que você gostaria de deixar para as leitoras?
Cristina Ranzolin: Para as mulheres em geral a mensagem é: se cuidem, não deixem de fazer seus exames, isso é fundamental, porque a gente fica muito com a história de achar que se não tem caso na família então não vai ter a doença, mas a questão da hereditariedade corresponde a 5 a 7% dos casos, é muito pouco. Eu sempre levei uma vida saudável, mas tem que fazer exames, porque é um mistério como surge essa doença. Quem puder fazer os exames faça o quanto antes melhor.
ANTONIA RANZOLIN FALCÃO
VLK – Como foi receber a notícia de que sua mãe estava com câncer ?
Antônia Ranzolin: Quando ela falou pela primeira vez, eu me emocionei muito, porque câncer é uma palavra que assusta, e é algo que ninguém espera. Mas eu tentei me manter forte sem cair, porque o meu apoio seria muito importante para ela. Quando eu falei com os médicos, eu me tranquilizei bastante, porque é uma doença que assusta, mas, se for descoberta no início, tem cura, basta fazer o tratamento correto, e hoje existem muitos recursos.
VLK – O fato de estar participando da Liga e trabalhando nas campanhas de prevenção à doença ajudou você a assimilar melhor a notícia?
Antônia Ranzolin: Eu estar na Liga, falando desse assunto, alertando as pessoas a se prevenirem, acho que me ajudou muito a assimilar melhor a notícia.