Antes de se tornarem um acessório ligado ao vestuário, as luvas tinham funções bem definidas: proteger, distinguir e silenciar. Entre a Antiguidade, a Idade Média e o século XIX, elas marcaram presença em rituais de poder, etiqueta e religiosidade. A nobreza utilizava luvas como símbolo de prestígio. As classes altas as viam como sinal de limpeza moral e física. Já no campo religioso, o acessório era associado à pureza e à autoridade espiritual. Além disso, criavam uma barreira entre o corpo e o outro, restringindo o toque e reforçando a distância.

No século XX, o cinema e a alta-costura transformaram esse código em imagem. Hollywood passou a projetar as luvas como símbolo de presença e controle. Audrey Hepburn, Grace Kelly e Rita Hayworth marcaram época com aparições que atravessaram gerações. Enquanto isso, nas passarelas, estilistas como Dior, Balenciaga e Givenchy integraram as luvas longas às silhuetas, incorporando-as à linguagem do luxo. Por outro lado, nos anos 1980 e 1990, elas passaram a expressar intensidade: tecidos marcantes, proporções exageradas e estética performática definiram a década.


Atualmente, as luvas na moda voltam com novas intenções. Mais do que tendência, elas apontam para um desejo de reforçar códigos visuais claros e resgatar gestos de composição. Aparecem em alfaiatarias, vestidos de festa e coleções inspiradas no glamour clássico, misturando técnicas, materiais e simbologias. Do tule ao couro, passando por organza e tecidos tecnológicos, vestir luvas segue sendo uma escolha estética e narrativa. Ainda que silenciosas, continuam marcando posição.


