É dia 04 de março e estamos chegando ao fim de mais uma Semana de Moda de Paris Outono/Inverno 2024. Neste penúltimo dia, as marcas beberam de fontes com muito propósito, enfatizando a realidade do ecossistema em que vivemos e batendo na tecla da responsabilidade ambiental e social.
Inspiradas artisticamente, deram vida a belos longos, enquanto a tecnologia moderna de matéria-prima permitiu a criação de um item de moda baseado na ficção científica. Interessou-se e quer saber mais profundamente? Então continue lendo a matéria e descubra quais Maisons trouxeram novidades para as passarelas no dia de hoje.
Stella McCartney Winter 2024
A moda oversized sustentável de luxo pode ser tão descolada e envolvente quanto qualquer outra; é isso que uma das favoritas do dia de hoje, 04 de março, da Paris Fashion Week vem nos mostrando há muito tempo.
Por meio de mensagens no Instagram dirigidas à mãe Terra, Stella McCartney direciona seu claro posicionamento: o apelo por uma indústria mais ecologicamente correta, alertando sobre a emergência climática. Com a frase “A Mãe Terra está chamando. Já estava mais do que na hora”, a estilista convocou o público ao redor do mundo para o streaming ao vivo de seu desfile.
Em uma paleta de cores muito agradável, incluindo rosa, marrom, preto, branco, vermelho, cinza, laranja queimado e azul, o que vimos na passarela foi uma sequência de roupas estilosas para um guarda-roupa completo que pode ser usado a qualquer hora e em qualquer ocasião. Vimos esse olhar como a principal base dos desfiles, mas se pararmos para pensar, é isso mesmo que esperamos de um “Ready-to-wear”, não é mesmo?
Apesar das roupas para o inverno, podemos observar uma variedade em pele à mostra combinada com brilhos para a noite e peças em alfaiataria. Para o line up, Stella optou por reproduzir superfícies e tecidos que nunca havia explorado antes, como couro e peles exóticas, recriando as mesmas texturas com materiais alternativos, como couro de cogumelo, cascas de cânhamo, tecidos à base de maçã, entre outros. Vestidos com proporções, saias lápis e denim trouxeram a perspectiva politicamente correta mais para a realidade, mas sem perder o encantamento da coleção.
Zimmermann Fall 2024 Ready-to-Wear Collection
A diretora criativa Nicky Zimmermann mergulha profundamente no drama e romance do art nouveau, mantendo-se fiel aos seus vestidos femininos e florais.
A seda enriqueceu esta coleção, aparecendo tanto nas peças coloridas e estampadas da temporada quanto nas monocromáticas, com inspirações tiradas de revistas dos anos 1920 e artistas do final do século, como Aubrey Beardsley, William Morris e Odilon Redon. Cortes da década de 70 também ficaram evidentes nos primeiros looks.
As estampas de animais, em particular, reforçam a sensibilidade da época vitoriana em relação ao exótico. Os vestidos fluídos e cheios de detalhes artísticos evocam o romantismo do Fin de siècle em meio à modernidade dos estilos em camadas, com cortes contemporâneos.
Jeans, suéteres, casacos utilitários e blusas rendadas apresentam uma alternativa para uma realidade prática. Com o ideal de expandir ainda mais a marca, a Zimmermann optou por um caminho semelhante ao das grifes que têm se apresentado na Semana de Moda: um lado mais acessível e versátil para uma mulher moderna que está no meio-termo entre o luxo romântico e o ambiente contemporâneo.
Coperni Fall Winter 2024 Show
Coperni chegou à Semana de Moda com uma coleção de peças mais clássicas do que ousadas, porém o ponto alto da marca este ano foi sua capacidade em inovação tecnológica e materiais voltados para o futuro.
A casa de luxo tem uma facilidade em se sintonizar com as tendências, provando isso na passarela, mas o que realmente se sobressaiu foi a mais recente invenção: a era espacial invadiu o Outono/Inverno de 2024. O diretor criativo, Sébastien Meyer, queria buscar uma fabricação que estivesse fora deste mundo e acabou descobrindo o Aerogel, um sólido à base de silício usado pela NASA para capturar poeira estelar, que é mil vezes menos denso que o vidro e, em termos de volume, é 99% ar.
Com a ajuda do artista visual e acadêmico Ioannis Michalous, o design da bolsa de mão “Swipe” da grife recebeu uma transformação e se tornou o “maior objeto feito de aerogel na Terra”. Meyer refere-se à invenção como “científica, mas poética”. A vida terrestre e interplanetária encontram a moda na Coperni, mantendo a habilidade de criar elementos virais.
Quanto às vestimentas, o prateado, como era de se esperar, ganhou os holofotes assumindo padrões de lantejoulas brilhantes e um material que remeteu ao papel alumínio, reforçando a estética sideral.
Vestidos mais ajustados, camisas e blusas de seda com mangas muito longas e uma estampa xadrez em couro nas cores verde e azul modernizaram a coleção. O cinza, o preto e o branco foram a escolha de tons invernais que imperaram, e um conjunto de jaqueta e saia lembrava uniformes de astronautas.
Fotos: Vogue e Launchmetrics Spotlight