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Discreto, perfeccionista, exigente, pouco afeito aos holofotes e genial. Esses são alguns predicados que costumam caracterizar o arquiteto da moda Cristóbal Balenciaga no mundo fashion. Mas não é só isso, ele também é lembrado por ser um dos poucos estilistas que sabia cortar e costurar roupas com perfeição.
Nascido em Guertaria, região basca da Espanha, em 21 de janeiro de 1895, Balenciaga era de família pobre, filho de um pescador e uma costureira. Também na sua cidade de origem residia a Marquesa de Casa Torres, que posteriormente viria a ser sua grande incentivadora como estilista. Logo cedo, o talento do jovem garoto para a moda já aflorava. Aos 12 anos, ele desenhou um vestido para a marquesa e começou a frequentar o atelier de um alfaiate madrilenho.
INÍCIO NA ALTA-COSTURA
Anos mais tarde, já um jovem adulto, abriu sua primeira casa de costura em San Sebastian. Após, transferiu-se para Madri e, em 1936, para Paris, onde, no ano seguinte, lançou sua primeira coleção de moda. Eventualmente, sua ascensão foi meteórica: de melhor costureiro da Espanha na década de 30 a estilista preferido das damas da sociedade parisiense e das atrizes famosas na capital francesa.
O seu perfeccionismo bem como sua habilidade no corte e costura lhe renderam o título de mestre da alta-costura. A perfeição nas proporções aproximou sua arte da arquitetura. Suas criações eram elegantes e, às vezes, dramáticas, inconfundíveis aos olhos de todos. No início, Cristóbal Balenciaga abusou dos tons sóbrios, mas depois cedeu lugar a uma ampla cartela de cores, o que, anos mais tarde, lhe rendeu a fama de colorista.
O primeiro desfile por ele realizado em Paris foi um verdadeiro sucesso. Criações baseadas na pureza de linhas, nos volumes inovadores, assim como aliadas a tradição espanhola, deram o tom da coleção.
A notoriedade conquistada no universo da moda trouxe admiração de seus colegas. Muitos dos aprendizes famosos passaram por sua Maison, como Oscar de La Renta, Pierre Cardin e Givenchy. Após a Segunda Guerra Mundial, Balenciaga consagrou-se definitivamente como um dos maiores estilistas da história. Entre suas clientes mais famosas estão nomes como Greta Garbo, Jackie Kennedy e Ingrid Bergman.
CRIAÇÕES MEMORÁVEIS E DESFECHO
Avesso à fama, Balenciaga concedeu uma única entrevista em toda sua trajetória. Além disso, raramente era visto e não marcava presença nem mesmo nas aberturas de suas coleções. Do legado deixado por ele, destacam-se principalmente os vestidos e trajes que lembram flores, como a tulipa e a rosa desabrochada, com suas pétalas formadas por inúmeros plissados. Os grandes botões e as golas afastadas no pescoço também marcaram suas criações. Além disso, foi criador da jaqueta balão, do vestido túnica, do vestido saco e do casaco casulo, peças que não demarcavam a cintura. Nos anos 1960, criou casacos soltos, amplos, com mangas-morcego e, por volta de 1965, apresentou os primeiros casacos impermeáveis transparentes em material plástico. Em 1968, a casa de Balenciaga fechou, e o estilista aposentou-se, deixando a célebre frase:
“A vida que suportava a alta-costura não existe mais. A verdadeira alta-costura é um luxo que não cabe mais no mundo”.
Entretanto, em 1997, seu nome ressurgiu com o designer Nicolas Ghesquière à frente da criação da marca Balenciaga a qual, hoje, reverbera com força na cena fashion mundial. A grife foi adquirida pela Gucci em 2001 e atualmente tem Demna Gvasalia como seu diretor criativo.
FRASES MARCANTES
- “É mais importante o prestígio que a fama. O prestígio permanece, a fama é temporária.”
- Eu tinha doze anos quando a marquesa de Torres me autorizou a fazer para ela um primeiro modelo. Imagine minha alegria quando a vi no domingo seguinte saindo da igreja com o meu vestido.”
- Um bom costureiro deve ser um arquiteto para os planos, escultor para as formas, um pintou para a cor, músico para a harmonia e um filósofo no sentido da medida.”
- “Uma mulher não precisa ser perfeita, e nem mesmo bonita, para usar os meus vestidos. O vestido fará isso por ela.”