Fotos: Reprodução Gazeta do Povo/Maximus/Marie Claire
Nascida em 19 de agosto de 1883 em um hospital de caridade de Saumur, na França, Gabrielle Bonheur Chanel era a segunda de sete filhos de Eugénie Jeanne Devolle, uma lavadeira, e Albert Chanel, um comerciante de roupas. Aos doze anos, quando perdeu a mãe, foi colocada pelo pai em um orfanato de Aubazine. Aos dezoito, decidiu morar numa pensão reservada à meninas católicas na cidade de Moulins. Foi lá onde se aperfeiçoou como costureira e reencontrou sua tia Adrienne, com quem mais tarde foi trabalhar em um ateliê de costura especializado na confecção de enxovais. Em 1903, já independentes, tia e sobrinha resolvem deixar o pensionato e passam a dividir um quarto alugado.
ASSIM SURGIU CHANEL
As primeiras aparições públicas de Chanel acontecem a partir de 1907 no La Rotonde, um café-concerto onde ela se apresentava como cantora. O apelido, Coco, foi dado por oficiais de um regimento de cavalaria, provavelmente em função da canção “Qui qu’a vu Coco dans Trocadéro”, que ela interpretava. Foi nessa época que conheceu Etienne Balsan, socialite herdeiro de uma fábrica de tecidos que fazia uniformes do exército. Ele, que abandonou o exército para se dedicar à criação de cavalos, hospedou Chanel durante meses em seu castelo. Possivelmente, foram amantes por um tempo e amigos por toda a vida.
Foi Balsan quem apresentou Coco à sociedade francesa. E, já frequentando o circuito da classe alta, a estilista conheceu o grande amor de sua vida: o milionário, inglês, Arthur Capel. Capel ajudou Coco a abrir a sua primeira loja de chapéus e a partir de então, o sucesso foi inevitável: não demorou para aparecer nas revistas de moda mais famosas de Paris. Embora casado com uma inglesa, Capel manteve um romance com Chanel por aproximadamente dez anos, até morrer tragicamente num acidente de carro em 1919. Ainda muito abalada com a morte de Capel, Coco abriu a sua primeira casa de costura, comercializando também chapéus. Nessa loja, vendia roupas desportivas para ir à praia e montar à cavalo. Foi pioneira ao inventar as primeiras calças femininas.
O relacionamento com o grão-duque da Rússia Dmitri Pavlo-vich Romanov, que havia fugido do seu país logo após a Revolução, também influenciou sua carreira. No início dos anos 1920, Coco Chanel desenhou roupas com bordados do folclore russo. Nesse período, conheceu artistas importantes como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo e passou a vestir grandes atrizes de Hollywood.
CHANEL 5
Chanel desenvolveu não apenas coleções, como também perfumes. Em 1921, foi promovida à celebridade ao lançar o Chanel Nº 5 e desde então, seu estilo ditou moda em todo mundo. Até hoje os seus tailleurs e as suas fragrâncias são referência de bom gosto e qualidade.
A Maison Chanel chegou a fechar suas portas durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de Coco ter permanecido no país. No período de ocupação alemã (1940-1944), se envolveu com Hans Dinck-lage, profissional da inteligência militar alemã, e só reabriu a casa em 1954. No final da guerra, os franceses deixaram de frequentar a Maison por condenar o romance. Ao enfrentar uma crise financeira, Coco se mudou para Suíça e passou a vender suas roupas também no outro lado do Atlântico. Admirada por personalidades como a ex-primeira dama Jackie Kennedy reapareceu nas revistas de moda com seus tailleurs, casacos e sapatos e, depois de dar a volta por cima, voltou a residir na França, onde viveu até o dia de seu falecimento, em 10 de janeiro de 1971.
ENSINAMENTOS
“Escolha o seu destino, mesmo que você tenha que reinventar seu caminho. Eu decidi quem eu queria ser e é assim que eu sou” , disse Coco Chanel, que transformou seu espírito rebelde em arte. Deixou o passado para trás e seguiu seu instinto: ousou, inventou e lutou por sua independência, criando um estilo único, um novo jeito de ser. A moda de Coco Chanel proporcionou que as mulheres tivessem liberdade para andar, correr, movimentar-se, cruzar os braços e as pernas, descansar ao sol e até cortar o cabelo.
“Mude o que você acha desagradável e antecipe tendências atemporais. Escolha desafiar convenções, ignorar formalidades e abraçar um espírito progressista. Deseje não parecer com nenhuma outra pessoa. Seja autêntica, sincera e natural. Escolha simplicidade ao invés do excesso, conforto ao invés de aparência e intuição ao invés de preceitos”, são algumas das mensagens encontradas no site da marca. Talvez o principal legado deixado por Coco Chanel tenha sido a ideia de que todas as mulheres poderiam aproveitar a vida ao máximo, como ela fez.