CLASSE, REQUINTE, ESTILO, PERSONALIDADE E CULTURA, SÃO SUAS CARACTERÍSTICAS MAIS MARCANTES E INSPIRADORAS.
Vestidos de alta-costura, roupas deslumbrantes que passaram pelos salões mais chiques de Londres, Paris, Nova York, Rio de Janeiro e São Paulo, retratam uma época em que a alta sociedade vestia obras de arte feitas em tecido. Carmen Terezinha Solbiati Mayrink Veiga, filha de Maria de Lourdes de Lacerda Guimarães e Enéas Solbiati, neta do barão de Arari e sobrinha-neta do barão de Araras, foi minha grande inspiradora como estilista. Foi considerada por Truman Capote, Diana Vreeland e Anna Wintour, na revista Vogue estadunidense, como a mulher mais chique da América do Sul. Carmen fez parte das listas das mulheres mais elegantes do Brasil e, em 1981, entrou para a seleta lista de pessoas mais bem vestidas do mundo da revista Vanity Fair. Participou de diversos eventos do jet set internacional, entre caçadas na África e festas com multimilionários de diversos países. Costumava fazer muitas festas em sua residência e transportava convidados a bordo de supersônicos Concorde para temporadas de caça na Inglaterra, França e Áustria. Para esses grandes eventos tinha todos os looks de alta-costura preparados e assinados por diversos estilistas, entre os quais Givenchy, Yve Saint Laurent (inclusive este declarou na Revista W que sua melhor criação foi um vestido feito para ela, sua criação da década), Pierre Cardin, Valentino, Azzaro, e o brasileiro Guilherme Guimarães. Para esses vestidos tinha uma coleção de joias dignas da realeza.
Sua coleção de vestidos de alta-costura, de valor inestimável, chegou a cerca de 400 peças e muitas puderam ser apreciadas numa exposição na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Rio de Janeiro. Carmen foi uma das mulheres mais importantes para mostrar a alta-costura no Brasil. A cultura e o bom gosto de Carmem pela arte é vista no acervo que ela adquiriu durante sua vida. Seu acervo pessoal contava com mobiliário, esculturas, pratarias, tapeçarias persa exclusivas para realeza do séc. XVIII, vários serviços de porcelana, sendo um Imari para 200 pessoas. Entre os quadros de sua galeria de arte estão os de vários pintores famosos, como Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Milton da Costa. Há cerca de 400 modelos de alta-costura assinadas por diversos estilistas e joias valiosíssimas.
Ao perguntarem para Carmen o que ela considerava ser o maior patrimônio, respondeu:
“Em primeiro lugar, a saúde, em segundo, as verdadeiras amizades cultivadas em mais de 50 anos de convívio”.
Algumas declarações de Carmen demonstram sua forte personalidade:
“Nunca obedeci ninguém, já nasci independente (risos)”.
Quando lhe questionaram se queria casar e ter filhos respondeu:
“Quero ser o Marco Polo de saia para viajar o mundo inteiro”.
(E assim o fez). Mas, se casou com Antônio Mayrink Veiga e teve dois filhos: Antenor e Tereza Antônia. Ao ser interpelada se era consumista revelou:
“Não, sou “carista” e não consumista, gosto do que é bom, absolutamente tudo o que possuo é da melhor qualidade”.
Sobre cirurgia plástica, disse:
“As mulheres acham que são rugas no rosto que nos envelhecem, mas, para mim é o pescoço, único motivo pelo qual fiz duas cirurgias plásticas”. “Aproveitei tanto a vida e vivi tanto, minha vida foi tão boa que estou contente comigo mesma”. “Eu estou muito agradecida com o que Deus me deu, e não preciso de plástica, embora muitos cirurgiões plásticos me incomodaram para fazer o meu nariz, inclusive Ivo Pitanguy, do qual me tornei grande amiga, mas não mexo nele, sigo muito o ditado de meu pai: quem é bom nasce feito, quem quer se fazer não pode”.
Esse é um apanhado que tenta resumir uma vida tão rica e intensa de Carmen em breves parágrafos, mas aqui deixo minha homenagem a esta mulher tão glamourosa e importante para a moda brasileira. Sugiro que pesquisem sobre sua vida para perceberem sua grandiosidade. Nenhuma outra mulher no Brasil representa tão bem tradição e elegância.