Continuamos com nossa cobertura da Semana de Alta Costura de Paris, e é oficial: a exaltação ao feminino está em alta. A valorização da silhueta, enfeitada com motivos florais, rendas, laços enormes e principalmente brilhos, reforça ainda mais uma temporada marcada por uma paleta de cores e personalidade doce.
Os desfiles apresentaram sua visão do que caracteriza uma mulher, mas não apenas qualquer mulher; mulheres que têm o poder de se reinventar através da moda, mostrando-se versáteis e explorando esse universo. Descubra mais sobre como as Maisons desenvolveram esse tema que promete entregar delicadeza e distinção para a primavera/verão.
CHANEL- A Chanel apresentou novidades para divulgar sua coleção. A convite de Virginie Viard, Kendrick Lamar e seu parceiro criativo Dave Free deram vida a uma história de tempo e transmissão intitulada “A Haute Couture Tale”. O filme do desfile de Alta Costura Primavera-Verão 2024, revelado nesta terça-feira, 23 de janeiro, conta ainda com a participação da atriz e embaixadora da Maison, Margaret Qualley, que mergulha no conto “O Botão” ao lado da atriz e embaixadora da Maison, Anna Mouglalis, bem como da amiga da Maison Naomi Campbell.
A cenografia do desfile, apresentado no Grand Palais Éphémère em Paris, contou com um enorme botão cravejado em joias, incorporando a atenção excepcional aos detalhes que caracterizam a Alta Costura da grife, uma assinatura ornamental que expressa também tempo funcional, representando um mundo em si. O mundo da diretora criativa da Chanel inseriu o ballet como uma expressão de graça, liberdade e precisão, fortes características que permeiam uma estação leve, delicada e feminina.
As peças em aquarela rosa e branca revelam o primor do savoir-faire. Vestidos longos, saias retas curtas, macacões, tule, pregas, renda, flores e laços dão origem a uma coleção etérea, usada sobre maiôs e meias-calças de ballet brancos, denotando referências à cultura contemporânea. Chiffon e tweed resgataram e reverenciaram a precursora da marca, Gabrielle Chanel.
ALEXIS MABILLE- Alexis Mabille surgiu de forma impactante, representando a tendência da ultrafeminilidade. A coleção, intitulada “Mirror, Mirror” (Espelho, Espelho), revelou-se em uma paleta que inclui marfim, um rosa distintamente ligado à estética do ballet, bege, bronze, moiré, marrom, além de toques dramáticos evidenciados por detalhes em preto e vermelho. O conceito foi centrado na celebração das possibilidades proporcionadas às mulheres por meio das roupas e maquiagem, que oferecem a capacidade de transformação.
Os vestidos longos foram ricamente ornamentados com bordados, lantejoulas, penas e grandes laços. As silhuetas foram cuidadosamente definidas e elegantes, algumas peças apresentaram uma fusão com elementos de alfaiataria. Decotes assimétricos, de um ombro só, mangas bufantes, recortes e detalhes em renda destacaram-se como pontos altos, adicionando graça e um toque de romantismo à coleção. Esta traz uma visão lúdica que reflete a personalidade multifacetada feminina.
GIORGIO ARMANI PRIVÉ- O desfile Privé – Haute Couture Fashion Show SS24 de Giorgio Armani ocorreu no Palais de Tokyo em Paris e não poupou no luxo dos brilhos. Cada peça apresentada continha detalhes deslumbrantes de pequenos cristais incrustados que reluziam à medida que as modelos percorriam a passarela, transicionando gradualmente de tons pastéis para cores mais intensas. A coleção reflete o DNA do estilista, embora siga um novo ritmo “menos Armani”, conforme estabelecido pelo próprio diretor criativo; no entanto, ainda conseguimos perceber fidelidade à sua estética.
Saias amplas, muita transparência, kimonos, bordados, estampas que pareciam uma arte pintada à mão, rendas delicadas, blazers, ombros à mostra, tecidos como tule e chiffon de seda, e, é claro, os belos vestidos para eventos de gala não podiam faltar. Nesta temporada, o estilista de 89 anos chamou a coleção de Haute Couture en Jeu, uma expressão francesa que pode ter um duplo sentido. Em entrevista para a Vogue, ele afirmou que “por um lado, significa ‘colocar a alta costura em jogo’, enquanto, por outro, pode ser traduzido como ‘a alta costura está se divertindo’. Armani definiu suas roupas como peculiares por ter 92 entradas de looks. Ele ainda ressalta que são “para muitas mulheres diferentes, contando histórias diferentes, sem uma inspiração ou tema única”. As vestimentas, com um certo quê de extravagância, ainda transmitiam um teor etéreo e translúcido.