Crédito das fotos: Pinterest
Poucos nomes na história da moda são tão provocativos e inovadores quanto Jean Paul Gaultier.
Conhecido como o enfant terrible da moda francesa, por desafiar convenções, Gaultier construiu uma carreira marcada por ousadia, ironia e uma visão de beleza livre de padrões.
Sua trajetória é uma celebração da diversidade, da teatralidade e do poder da individualidade. Ao anunciar sua aposentadoria em 2020, deixou um legado disruptivo e de quebra de tradições que o colocam entre os grandes nomes da moda.
Das ruas de Paris às passarelas do mundo

Nascido em 24 de abril de 1952, nos arredores de Paris, Jean Paul Gaultier nunca frequentou uma escola de moda.
Autodidata, enviava croquis para estilistas renomados. Foi descoberto por Pierre Cardin, que o contratou como assistente, em 1970. Logo depois, Gaultier passou por Jean Patou e Jacques Esterel, até lançar sua primeira coleção própria em 1976, que já exaltava a sua simpatia pela quebra de padrões. A coleção foi um verdadeiro manifesto contra as convenções do prêt-à-porter tradicional.
O estilista que transformou a provocação em arte

Nos anos 1980 e 1990, Gaultier consolidou seu nome ao desafiar tudo o que era considerado “normal” na moda. Ele colocou saia em homens, brincou com o fetichismo, a cultura punk e o streetwear, quando esses temas ainda eram tabus nas passarelas.

Foi também o criador de peças icônicas, como o corpete com bojo cônico usado por Madonna na turnê Blonde Ambition (1990), um dos momentos mais memoráveis da história da moda pop.
Mais do que roupas, Gaultier propunha narrativas sobre liberdade e identidade, rompendo barreiras de gênero e celebrando todos os corpos.
Moda, cinema e cultura pop
A estética teatral de Gaultier sempre ultrapassou as passarelas. Ele assinou figurinos para filmes marcantes, como O Quinto Elemento (1997), de Luc Besson, e Kika (1993), de Pedro Almodóvar, levando sua linguagem excêntrica ao cinema.
Na cultura pop, seu estilo irreverente conquistou artistas como Björk, Lady Gaga, Rihanna e Kylie Minogue, reafirmando sua influência atemporal.
Sucesso também na perfumaria


Reconhecido por sua ousadia estética e espírito transgressor, Jean Paul Gaultier também deixou uma marca profunda no universo da perfumaria.
Sua estreia no setor aconteceu nos anos 1990, quando lançou fragrâncias que, assim como suas coleções de moda, desafiavam padrões e celebravam a diversidade.
“Classique”, apresentado em 1993, tornou-se imediatamente um ícone: o frasco em forma de busto feminino, inspirado nos corsets que marcam a história da maison, traduziu perfeitamente o equilíbrio entre sensualidade e irreverência que define o estilista.
Dois anos depois, Gaultier expandiu seu legado com “Le Male”, cuja silhueta masculina em forma de torso nu tornou-se uma das embalagens mais reconhecíveis da perfumaria mundial.
A despedida das passarelas


Em 2020, após 50 anos de carreira, Jean Paul Gaultier anunciou sua aposentadoria dos desfiles, encerrando sua trajetória com um grandioso show em Paris.
Mas, como ele mesmo afirmou, “a moda nunca morre”. Desde então, sua marca passou a convidar diferentes designers para reinterpretar seu legado, mantendo viva a essência criativa que sempre o definiu.
Legado e reinvenção
Jean Paul Gaultier continua sendo um símbolo de autenticidade e irreverência. Seu trabalho abriu caminho para uma moda mais inclusiva, divertida e questionadora. Ao desafiar normas e misturar alta-costura com cultura de rua, ele mostrou que o verdadeiro luxo está na liberdade de ser quem se é.

