Crédito das fotos: Pinterest/Google
Poucos nomes na história da moda despertam tanto fascínio, controvérsia e admiração quanto John Galliano. Conhecido por sua genialidade teatral, desfiles espetaculares e domínio absoluto da alta-costura, o estilista transformou passarelas em verdadeiros palcos de fantasia.
Da infância em Gibraltar às luzes de Paris, Galliano construiu uma trajetória marcada por ousadia criativa, excessos e recomeços. Sua história é um retrato intenso de como o talento e a imaginação podem tanto consagrar quanto desafiar os limites da moda contemporânea.
1. Infância e formação

John Charles Galliano nasceu em 28 de novembro de 1960 em Gibraltar. Filho de pai gibraltino e mãe espanhola, mudou-se para o sul de Londres aos seis anos de idade.
A mãe era professora de flamenco e desde cedo incentivou um senso de estilo, fantasia e teatralidade no seu filho, algo que marcaria sua carreira.
Ele estudou no Wilson’s Grammar School for Boys, mas já estava mais inclinado ao mundo da moda/costume do que à rotina escolar convencional. Em 1981 entrou no Central Saint Martins College of Art and Design (em Londres) para estudar design de moda/têxtil.
Para sua coleção de formatura, em 1984, Galliano criou Les Incroyables, inspirada na Revolução Francesa, que logo foi comprada inteiramente por uma boutique londrina. Esse primeiro sucesso deu o arranque para a sua reputação de “talento jovem” na moda britânica.
2. Início da carreira e ascensão
Após a graduação, Galliano montou seu próprio estúdio em Londres, no East End, e passou a apresentar coleções com forte tom histórico, teatral, misturando fantasia e costura.
Na década de 1980 e início dos anos 90, ganhou reconhecimento. Ele foi nomeado “British Designer of the Year” (Estilista Britânico do Ano) em 1987 e 1994.
Em meados dos anos 90, ele deu o salto para Paris, primeiro assumindo a direção criativa da maison Givenchy em 1995, tornando-se o primeiro estilista britânico a chefiar uma casa de couture francesa. Logo depois, em 1996, foi convidado pelo grupo LVMH para assumir a direção criativa da icônica Dior.
Na Dior, Galliano fez um trabalho de revitalização: trouxe drama, teatralidade, romantismo exagerado, e ajudou tanto a imagem quanto o desempenho comercial da marca.
3. Auge criativo

Durante o período em que comandou a Dior, Galliano realizou alguns dos desfiles mais memoráveis da moda contemporânea, com grande senso de espetáculo, narrativa visual, referências históricas e culturais, além de silhuetas ousadas.

Por exemplo, suas coleções traziam elementos como vestidos-ballon, cinturas marcadas, correntes de inspiração teatral e evolução do “New Look”. Ele foi reconhecido várias vezes, ganhou prêmios e foi celebrado como um dos criadores mais influentes da sua geração.
4. Controvérsia e queda

Em fevereiro de 2011, Galliano foi detido após uma série de incidentes envolvendo comentários antissemitas em um bar em Paris. Isso resultou em sua demissão da Dior e de sua própria grife.
O episódio provocou um choque na indústria da moda: o estilista que antes era celebrado por sua genialidade enfrentou uma das mais graves quedas de reputação do setor.
Além disso, sua vida pessoal, marcada por abuso de álcool, drogas e crise emocional, foi bastante pública nesse contexto.
5. Retorno e legado recente
Após o afastamento, Galliano passou por um processo de recuperação e aos poucos voltou à cena. Em 2014, foi anunciado como diretor criativo da Maison Margiela (grupo OTB).
Seu trabalho recente ainda exibe a veia performática e de costume, porém, com uma maturidade distinta. Ele aprende com o passado e se adapta às novas exigências da moda contemporânea.
Além disso, seu legado no setor é inegável. Ele redefiniu o que um desfile de alta-costura deve ser. Para ele, não são apenas roupas, mas sim narrativa, espetáculo e fantasia.
Consequentemente, seu estilo inspira muitos estilistas que vieram depois.

