Não podemos mensurar o orgulho sentido ao ver mulheres de várias nacionalidades fazendo história em mais uma edição dos Jogos Olímpicos. Só de estarem lá, as atletas já são grandes vencedoras, ganhando cada vez mais espaço em um evento que inicialmente não permitia desportistas do sexo feminino.
Aos poucos, elas vão conquistando o mundo, e vale a pena lembrar que as Olimpíadas de Paris 2024 têm a maior participação feminina em 100 anos. Comemoramos este feito enaltecendo as atletas que subiram ao pódio e levaram medalhas para casa, além da representatividade que motiva tantas mulheres a não desistirem de seus objetivos.
A Igualdade de Gênero Começa pelo Comitê Olímpico Internacional
Para as cotas da Olimpíada de Paris 2024, o COI anunciou que, pela primeira vez na história dos jogos, haveria igualdade total de gênero. Voltando a séculos atrás, em 1924, quando Paris sediou pela segunda vez a Olimpíada, a competição contou com a participação de 135 atletas femininas contra 2.954 homens. Ao longo da evolução do grande espetáculo, a frequência de mulheres cresceu mais de 40 vezes.
Neste ano, nos eventos com medalhas, 152 são femininos, 157 masculinos e 20 mistos. E para os brasileiros, nosso país ganha destaque no que é o melhor momento para o esporte feminino, tendo seu grande reconhecimento na ginástica artística.
É claro que, para as mulheres conquistarem este lugar, as mudanças começaram dentro do Conselho Executivo. Segundo dados levantados pelo COI, a atuação feminina expandiu 6,7% com a Agenda Olímpica de Tóquio em 2020 e, desde 2022, 50% dos cargos de membros das comissões do Comitê são ocupados por mulheres.
Mulheres no Pódio
Rebeca Andrade
Ovacionada pelos brasileiros e reconhecida internacionalmente, nossa estrela Rebeca Andrade conquistou nas Olimpíadas de Paris 2024 uma medalha de ouro no solo, prata no individual geral e no salto, e bronze na prova por equipes. Lembrando que ela também já havia brilhado nas Olimpíadas de Tóquio em 2020, adquirindo ouro no salto e prata no individual geral.
O total de seis medalhas faz da ginasta brasileira a maior medalhista da história do nosso país e recordista de vitórias em uma só edição dos Jogos.
Beatriz Souza
A judoca brasileira de Peruíbe, região litorânea de São Paulo, Beatriz Souza, é a vencedora da primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas na categoria +78kg (acima de 78 quilos), ao derrotar na final a israelense Raz Hershko no judô feminino.
Aos 26 anos, Beatriz já teve realizações importantes: a primeira em 2017, levando a prata no Mundial de Budapeste, no time misto, e o ouro no Campeonato Pan-Americano disputado no Panamá. Nos Jogos Pan-Americanos de 2019, ela foi medalhista de bronze em Lima. Já em 2023, subiu ao pódio para receber as medalhas de prata e bronze em Santiago.
Simone Biles
Para quem acompanhou as Olimpíadas de Paris, provavelmente cansou de tanto escutar esse nome: Simone Biles. A ginasta norte-americana atingiu o número de três medalhas de ouro na Ginástica Artística (geral em grupo, individual e trave), além de uma prata no solo.
A maior concorrente da brasileira Rebeca Andrade foi uma oponente à altura, tanto que voltará aos Estados Unidos com o posto de melhor da história. Simone ganhou, além do ouro, um colar de prata com um pingente de cabra que representa “the greatest of all time”, “the GOAT”.
Alice D’Amato
A italiana Alice D’Amato desbancou Rebeca Andrade e Simone Biles na final da trave de equilíbrio na Arena Bercy em Paris. Alice já esteve em seis finais com o time da Itália em várias competições e subiu em outros nove pódios em Campeonatos Europeus.
Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, se classificou para as finais por equipes, mas acabou ficando em quarto lugar. Na do Japão, ficou na 20ª posição no individual geral. A Olimpíada de Paris marca o primeiro ouro de D’Amato na disputa olímpica.
Kaylia Nemour
Kaylia Nemour, da Argélia, emocionou o mundo ao ganhar a primeira medalha de um país africano na história da ginástica artística. A atleta garantiu o ouro na modalidade das barras assimétricas, sendo cotada como uma das favoritas para a competição.
Sua apresentação com movimentos ágeis surpreendeu a todos pela pouca idade (17 anos) e tanto talento. Com manobras complexas entre soltar e pegar, ela completou a performance com honras e aplausos, marcando um feito histórico com incríveis 15.700 pontos.
Yaroslava Mahuchikh
A ucraniana Yaroslava Mahuchikh se superou na Olimpíada de Paris com a nova melhor marca da história no salto em altura. Ela é a atual recordista mundial aos 22 anos, alcançando 2,10m no salto, quebrando o recorde da búlgara Stefka Kostadinova, estabelecido em 30 de agosto de 1987, há quase 37 anos.
Até hoje, nenhuma outra mulher havia igualado essa conquista. O ouro olímpico da esportista é a segunda medalha de ouro da Ucrânia nos Jogos de Paris.
Lim Sihyeon
A Sul-coreana Lim Sihyeon se consagrou na Olimpíada de Paris como tricampeã olímpica de tiro com arco na prova individual, assegurando o ouro juntamente com outros resultados nas equipes femininas e mistas.
Sihyeon é outro grande nome que apresenta um recorde mundial, chegando a 694 pontos em 72 flechas a 70 metros ainda na fase classificatória, destacando-se com o primeiro recorde mundial da Olimpíada de Paris 2024.
É gratificante ver mulheres atletas fazendo história no esporte, e esperamos ver sempre mais conquistas femininas em outros âmbitos. Verdadeiros exemplos de garra e determinação, não apenas para jovens, mas para todos que têm sonhos a serem concretizados.
Fotos: Bettmann, IMAGO/Xinhua, Kirby Lee/USA TODAY, Ricardo Bufolin,