Símbolo de luxo e status, a marca italiana Prada se tornou o que é hoje quando a direção criativa passou a ser ocupada por Miuccia Prada em 1978. Com uma trajetória de inovação que lançou ao mercado um estilo avant-garde, a liderança de Miuccia redefiniu os padrões da moda e tornou a Prada uma potência global, reconhecida por suas características inconfundíveis.
Miuccia Prada: O Pilar de Uma das Marcas Mais Prestigiadas do Mundo
Maio é o mês de Miuccia Prada e, aproveitando que a designer completou seus 75 anos, nada mais justo do que lembrar que há 10 temporadas atrás, em 2014, a estilista foi eleita a 75ª mulher mais poderosa do mundo segundo a Forbes, uma posição merecida, pois a Senhora Prada assumiu a liderança da grife fundada por seu avô, Mario Prada, indo contra todas as expectativas, uma vez que se esperava que a substituição do cargo fosse ocupada por um homem.
Além disso, Miuccia já atuou como militante do Partido Comunista Italiano e foi ativista feminista, o que culminou para reforçar sua base ideológica de criação, mudando a interpretação de como o sexo feminino e as classes sociais eram expressos pela moda.
A Prada Torna-se Ainda Maior: A Evolução de uma Marca Icônica
Em 1993, a designer expandiu ainda mais os horizontes ao criar uma nova vertente, a Miu Miu (batizada assim em homenagem a um apelido de infância de Miuccia), considerada a “irmã mais nova” da Prada, focada em uma linha mais jovem e contemporânea.
A identidade gira em torno do conceito de que a sofisticação pode ter um toque de diversão, composta por uma geração que vive mudanças constantes. Inclusive, o The Lyst Index, uma lista que apresenta os produtos e marcas mais desejados a cada trimestre, mostrou que em 2024 a Miu Miu estava entre uma das marcas mais desejadas, perdendo apenas para sua precursora, a Prada.
Foi mérito de Miuccia a propagação internacional da Prada para locais como Nova York, Londres, Paris e Tóquio em meados de 1986. Ainda em 1993, nasceu também a Fondazione Prada (projetada pelo importante arquiteto holandês Rem Koolhaas), porém só ganhou sede em 2015 em Milão. O intuito do centro é ser um meio cultural que realiza ou apoia exposições artísticas, de cinema e arquitetura, entre outras, colaborando com museus e diferentes instituições internacionais.
Um Empreendimento Bilionário: A Ascensão da Prada sob a Direção de Miuccia
Em entrevista à Vogue, a CEO afirma: “Moda é um terço da minha vida”. Ao longo do caminho, Miuccia uniu forças com seu marido, Patrizio Bertelli, e juntos comandam o Grupo Prada, um negócio de luxo global com mais de 13.000 funcionários e receita anual de $4.5 bilhões (até 2022).
A designer ainda ressalta que prefere a palavra “útil” e não “luxo”, e que, devido à sua formação em ciências políticas e à luta por direitos, fazer roupas inicialmente era como um pesadelo para alguém vindo de um grupo de intelectuais importantes, pois ser dona de uma empresa de luxo não era bem visto para uma posição como a dela.
Ironizando sua natureza de origem burguesa, ela afirma: “Esta sempre foi a maior contradição da minha vida.” Mas a “rebeldia” está intrínseca em Miuccia: “Isso provavelmente é realmente profundamente uma parte de mim”, um fragmento essencial da diretora criativa para ir contra a pressuposta classe alta de sua época.
O Ugly Chic de 1996
O verão de 1996 tornou impossível aos amantes da moda ignorar a grandiosidade criativa de Miuccia, marcada por impulsos disruptivos. A coleção transgressora, chamada de “Banalidade Excêntrica”, deu origem à estética “ugly chic”, que nos faz associar diretamente à grife.
Os looks buscavam encontrar “o bom gosto no meio do mau gosto”, misturando elementos considerados feios e bregas de uma maneira intrigante, que abordava uma paleta de cores incomum, estampas retrô, comprimentos midi, e o famoso estilo “bibliotecária”, que hoje em dia se tornaram notáveis e são resgatados pela nova geração.
Mudando as noções clássicas de beleza, Miuccia sempre nos entregou uma inteligência à frente do seu tempo, que continua sendo referência para a modernidade.
Fotos: Rose Hartman, Stef Mitchell e Vogue