Imagens: Reprodução / Getty Images e Gorunway
A Maison Margiela é conhecida no mundo todo por suas criações disruptivas, de essência desconstruída na modelagem. No entanto, muitos não sabem quem é o homem por trás da grife de alta-costura. Misterioso e genial, Martin Margiela quase nunca permitiu fotografias ou entrevistas. É difícil entender quem é um dos estilistas mais talentosos que moda já viu nos últimos 40 anos. Além disso, designer está afastado do mundo fashion desde 2009, quando deixou oficialmente sua grife homônima, enquanto o impacto das suas criações continua repercutindo.
Nascido em 1957, em Genk, na Bélgica, Martin começou seus estudos formais na Royal Academy of Fine Arts e, após sua graduação, trabalhou como freelancer por 5 anos, até virar assistente de Jean Paul Gaultier, em 1984. Foi apenas em 1988 que criou sua label homônima com sua parceira de negócios, Jenny Meirens. Ela, dona de uma boutique de roupas de marca, em Brussels, o descreveu como “o designer mais talentoso” que ela havia conhecido.
MAISON MARGIELA
A primeira coleção da Maison Margiela foi lançada em 23 de outubro de 1988, no inusitado Café de la Gare, em Paris. As peças chamaram atenção imediata na cena fashion, com silhuetas esguias e modelos usando máscaras. Dessa forma, a cena fashion logo amou a técnica de desconstrução do estilista, que consistia em cortar e reorganizar tecidos e objetos. Assim, se abriu espaço para uma moda sem ostentação que ajudou a redefinir o ideal de luxo com influência da sustentabilidade.
Com influências do minimalismo e do punk, Martin trabalhava principalmente com a ideia de descontextualização, ou seja, de upcycling, dos materiais e objetos, criando novas funções para eles em suas roupas. E a marca seguia a mesma mentalidade, até mesmo nos locais não convencionais para desfiles.
Aliás, o próprio anonimato de Margiela, não convencional nos espaços de alta-costura, contribuiu para a popularidade da grife. Esse conceito atingiu até as etiquetas da label, que foi a primeira a usar etiquetas totalmente brancas ou que contêm apenas números de 0 a 23 para indicar suas categorias de criação.
Em 2019, 11 anos depois da última apresentação do estilista, o documentário Martin Margiela: In His Own Words foi lançado no Doc NYC Film Festival. Na produção, o designer mantém parte do seu anonimato, revelando apenas sua voz. Seu próprio relato é complementado por historiadores e especialistas de moda.
HÈRMES
Por fim, o estilista também ficou responsável pela direção criativa da tradicional Hèrmes, entre os anos de 1997 e 2003. Seu approach se diferenciou do que era visto na sua própria marca, já que criou peças para as consumidoras da grife. Porém sua filosofia desconstruída apareceu de uma nova forma: roupas feitas para durar, com qualidade e atemporais.