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A alta-costura é um verdadeiro laboratório de experimentação têxtil, a responsável por lançar as principais tendências da moda e definir eras. No início do século passado, estilistas icônicos surgiram e marcaram o mundo fashion, definindo e influenciando o estilo de se vestir até hoje. Parte desses profissionais tão importantes que deixaram legados incríveis são mulheres.
A mais conhecida do século XX é a estilista Coco Chanel , responsável pela fundação da grife Chanel e criadora de peças que mudaram o guarda-roupa feminino. Entretanto, ela não é a única mulher a deixar sua marca na alta-costura, outras profissionais como as estilistas Jeanne Lavin, Madaleine Vionnet e Elsa Schiaparelli também foram fundamentais para a história da moda. Conheça um pouco da história destas três grandes estilistas que desafiaram a época em que viveram:
JEANNE LANVIN
Fundadora da homônima e mais antiga casa de alta-costura ainda em funcionamento, criada em 1889. A história de Jeanne-Marie começa em Paris, no dia 1 de janeiro de 1867, quando nasceu. Vinda de família humilde, começou a trabalhar aos 11 anos, mas dois anos depois já era aprendiz de moda e produzia chapéus.
Suas economias foram direcionadas à abertura de uma loja na capital francesa para inicialmente vender seus acessórios para cabeça. Entretanto, em 1896, começou a desenhar roupas, principalmente vestidos. Motivada pelo nascimento da filha, para quem fazia as peças. As clientes começaram a encomendar também e a empresária e estilista viu uma oportunidade de confeccionar roupas para mães e filhos.
Com o tempo, a marca cresceu: em 1909, a Maison Lanvin foi oficialmente fundada, inclusive era parte do Chambre Syndicale de La Haute Couture (Sindicato da Alta-Costura). A cor azul era sua favorita, o que fez com que surgisse o termo “azul Lanvin”. Tendo como principal inspiração a história, Jeanne baseou-se em várias culturas, como egípcia e sul-americana.
O sucesso foi tanto que ampliou a produção para vestidos de noivas, chemisiers, casacos de pele e robes de style. Além disso, a cintura alta e saia rodada foram algumas das marcas da grife. Com os negócios bem, chegou a ter 800 funcionários trabalhando. Então, o público masculino também foi beneficiado pelas criações da estilista, que faleceu em 6 de julho de 1946.
MADELEINE VIONNET
Considerada uma das estilistas que mais influenciaram a moda no século XX, Vionnet fundou a maison homônima em 1912. Nascida em Chilleurs-aux-Bois, no dia 22 de junho de 1876, era conhecida como a “arquiteta entre as costureiras”, pelo seu talento na profissão. Apesar do sucesso, sua marca foi fechada em 1914, em consequência da Primeira Guerra Mundial.
Porém, na década de 1920, Madeleine retorna ao cenário fashion com relevância, permitindo a abertura de uma loja na Avenue Montaigne. Em 1924, a grife passa a funcionar em Nova York também. Unindo experimentação e elegância, a estilista foi capaz de impressionar e inspirar o mundo da moda com suas estratégias criativas. De forma inusitada, utilizou manequins de 80cm de altura e não utilizava espartilho nos looks.
A arte grega foi uma das suas principais inspirações, sendo uma das pioneiras no uso do drapeado e adotando tecidos como crepe, gabardine e cetim. Suas produções tinham como principal característica a fluidez nos movimentos. Por fim, Madeleine Vionnet faleceu em 1975, aos 98 anos, com sua grife fechada desde o início da Segunda Guerra Mundial. Em 1939, quanto tinha 63 anos.
ELSA SCHIAPARELLI
Nascia em 10 de setembro de 1890, no Palazzo de Corsini, Roma, uma das mulheres mais icônicas da moda: a aristocrata Elsa Schiaparelli. De família intelectual, cresceu em um ambiente multicultural. Rebelde, fugiu de casa para não ter um casamento arranjado. Passou por Londres e Nova York, mas retornou para a França em 1922.
Mesmo recebendo auxílio financeiro da mãe em Paris, queria ser independente. Por isso, começou a trabalhar na revista Societé Anonyme. Entretanto, o emprego não durou muito. Após o episódio, aprendeu técnicas de alta-costura com o estilista Paul Poiret. Com o conhecimento, desenvolveu a própria estética e fundou a grife de alta-costura Schiaparelli.
Sua coleção, com malhas feitas por refugiados armênios e mescladas com imagens influenciadas pelo movimento surrealista de arte, foi exibida na revista Vogue, em 1927. Além disso, a estilista foi pioneira na confecção de roupas plissadas e introduziu o tom rosa choque na moda.
Ousada, criou um short feito para jogar tênis, que foi utilizado pela tenista Lili de Alvarez no torneio de Wimbleton. A peça era proibida para mulheres na época. Assim como fez um bolso secreto para esconder fracos de bebida no vestido speakeasy. Isso durante a década de 30, em que os Estados Unidos viviam a Lei Seca. Roupas incomuns e elegantes, com características abstratas, eram o seu diferencial entre 1930 e 1950.
Trazendo a arte ainda mais para a alta-costura, ela colaborou com artistas como Salvador Dalí, Leonor Fini, Jean Cocteau, Méret Oppenheim e Alberto Giacometti. Também trabalhou como figurinista em cerca de 29 filmes. Em 13 de novembro de 1973, aos 83 anos, Elsa, referida por Coco Chanel como “aquela italiana que faz roupas” faleceu em Paris e deixou para o mundo um legado inesquecível.