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Neste dia, 5 de junho, celebramos mundialmente o meio ambiente. A data foi oficializada em 1972, durante a realização da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na Conferência de Estocolmo, em que a temática era o Ambiente Humano. Atualmente, no entanto, o assunto está sendo amplamente discutido, principalmente no mundo da moda, onde o termo sustentabilidade vem ganhando força, mostrando que é preciso haver mudanças a fim de garantir a sobrevivência do planeta.
Os dados da ONU para o meio ambiente apontam que o setor fashion polui mais do que navios e aviões. Consequentemente, respondendo por entre 8% e 10% das emissões globais de gases-estufa. É a segunda indústria que mais consome água, cerca de 20%. Ainda mais, descarta materiais sintéticos que levam anos para se decompor. Por fim, está no segundo lugar ranking das mais poluentes.
De acordo com o relatório O Futuro da Sustentabilidade na Indústria da Moda (2019), ainda é preciso avançar mais das medidas eco-friendly. A maioria dos especialistas consultados não acredita que as atuais ações são suficientes para um impacto positivo no mundo fashion. Ou seja, em relação as mudanças adotadas nos últimos anos, 75% deles consideram isso inviável na restauração do meio ambiente e 62% também consideram impraticável para condições de para condições de trabalho e pobreza.
Entretanto, existe esperança: “com fortes esforços adicionais, conceitos que promovem a sustentabilidade podem alcançar o mainstream dentro de 16 anos”, afirma o estudo. Portanto, o mercado da moda precisa se esforçar mais para adotar medidas sustentáveis, que auxiliem na manutenção do meio ambiente.
SETE AÇÕES QUE PODEM MUDAR A INDÚSTRIA
O relatório afirma que existem sete princípios que podem promover a sustentabilidade na indústria da moda:
- Maior conscientização global: campanhas de conscientização globais, com informações facilitadas por meio do setor para criar a necessidade de mudança nos paradigmas em direção à moda sustentável;
- Inovação em fibras e processamento: novos tipos de fibras e tecnologias de processamento para reciclagem e manutenção de baixa energia e pouca utilização de água para roupas;
- Relatório de sustentabilidade altamente detalhado: empresas da indústria devem ser obrigadas a fazer relatórios de sustentabilidade detalhados em todos empréstimos e acordo de investimentos com grandes instituições financeiras;
- Inciativas orientadas: para proteger os trabalhadores, a maioria das companhias deve incorporar processos para proteção dos direitos humanos. A partir de um código de conduta elaborado e direcionado aos abusos enfrentados por eles em primeira mão;
- Alta concentração cooperação: os principais nomes da indústria precisam se unir e trabalhar através de alianças formais. Por isso, os principais pontos serão mais fáceis de identificar e, unidos, poderão aplicar soluções sustentáveis no setor;
- Responsabilidade estendida do produtor: exigir que as empresas de moda reduzam a quantidade de resíduos e, com isso, de desperdício;
- Salários compatíveis: para alcançar essa meta, são necessários pagamentos justos e decentes, com padrão mundial monitorado por governos locais e instituições globais.
ADOÇÃO DE DUAS ESCALAS DE TEMPO
Entre os tópicos discutidos, o estudo cita a necessidade de a indústria da moda admitir pontos existentes: os problemas atuais no sistema, entre eles a “armadilha da fast fashion” e a “cadeia de valor altamente fragmentada”. Enquanto isso, é preciso trabalhar para criar um sistema fundamentalmente novo, com mudanças.
MUDANÇAS ESTÃO ACONTECENDO
Porém, algumas mudanças já estão quebrando paradigmas no meio, fazendo com que empresas do gênero se engajem na luta por uma indústria mais sustentável e, a fim de preservando o meio ambiente. Confira a seguir:
FASHION REVOLUTION
Um movimento global sem fins lucrativos, criado abril de 2013 a partir dos protestos em decorrência do desastre em Rana Plaza, local para produção de fast fashion ligada a Zara que desabou. Desde então, o mês é designado como Revolução da Moda. As campanhas buscam a reforma na indústria, com enfoque na transparência da cadeia de suprimentos. Ele é representado The Fashion Revolution Foundation e pelo Fashion Revolution CIC, com equipes em mais de 100 países. Entre eles, o Brasil. Veja a declaração disponível no site brasileiro:
“Existimos por uma indústria da moda limpa, segura, justa, transparente e responsável. Nós fazemos isto por meio de pesquisa e informação, educação, colaboração e mobilização. O Fashion Revolution acredita no poder de transformação positiva da moda, e tem como principais objetivos conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade.”
FAST FASHION EM AÇÃO
A Zara já foi amplamente criticada pela acusação de utilizar trabalho escravo em sua cadeia produtiva, em 2011. Mas a ascensão da tendência por maior consciência no setor fez com que a empresa espanhola mudasse a dinâmica: desde 2013 está em uma corrida para mudar sua imagem. E os resultados deram frutos, visto que foi conhecida como a mais sustentável pelo Índice de Sustentabilidade Dow Jones entre 2016 e 2018. E, no relatório do movimento Fashion Revolution, terminou 2018 em 23º lugar. No Brasil, ficou entre as três etiquetas mais corretas do país.
No ano passado, a Zara anunciou que, até 2025, será 100% eco-friendly. Entre as ações, prevê o uso de energia renovável em 80% dos estabelecimentos da marca. Enquanto a C&A é considerada a fast fashion mais ecologicamente correta, a Renner também está neste caminho, produzindo a própria linha sustentável que gaste menos água.
GRIFES DE LUXO TAMBÉM
Uma das grifes considerada pioneira em sustentabilidade é a Stella McCartney, já em 2001. Atualmente, várias marcas de luxo entraram no movimento e estão fazendo mudanças para tornar a moda mais ecológica. Burberry se comprometeu em não queimar mais os estoques de roupas para impedir liquidações. Além disso, lançou uma linha totalmente eco-friendly há pouco tempo. A Hèrmes utiliza restos de couro e tecidos para produção de novos acessórios, da etiqueta Petit H, desde 2013.
Por fim, a LVMH publicou em 2016 o projeto Life 2020, que visava reduzir a emissão de carbono em até 25%, comparando com 2013. Em 2017, já havia reduzido 12%. Mudanças vistas no calendário da moda, neste ano, em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus, também poderão contribuir para um consumo mais consciente. Com menos produção e gasto em roupas, visando a qualidade e durabilidade.